segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Fuga para Si

Por diversos motivos (trabalho, relações amorosas, preguiça, etc.), rompemos com atividades que nos fazem bem, nos desligam do mundo exterior, elevam nossa autoestima. Filosoficamente traduzindo, atividades que têm “significado”.
Contrariando o que dizem muitos especialistas, quando, o que é inevitável, sofremos dos males triviais do mundo como ansiedade, angústia, depressão, vícios químicos, dores de cotovelo e demais
infortúnios, devemos mergulhar nessas atividades e não “afetarmo-nos” em propostas novas, o que significaria o mesmo desespero já vivido.
É claro que existem novas propostas com “significado em potencial”, mas aí dependerá de reflexão (não muita) e foco.
Quem não viveu não imagina a delícia que é retomar uma atividade concretamente prazerosa (cujo prazer prolonga-se após seu término, fazendo “um bem” inestimável), tais como retomar o seu esporte existencial (termo meu com significado óbvio, não explicarei), reencontrar pessoas com quem realmente se preocupa (só a preocupação é capaz de provar o verdadeiro amor), revisitar lugares onde de fato você gosta de estar...
Reparam como as pessoas tendem a usar o tempo, ou melhor: a falta dele como desculpa para serem infelizes?
Qualquer pessoa tem capacidade de reservar um tempo para teus significados, até as mais “ocupadas”, que na verdade são mais neuróticas do que “sem tempo”.
Especificamente falando de esportes, eu concordo plenamente quando o filósofo Fábio de Melo diz que cuidando do corpo também cuidamos da alma, o que de maneira diferente já dizia o preparador físico Nuno Cobra em seu livro “Semente da Vitória”. Cuidar da morada efêmera de nossa alma é a ferramenta mais eficaz para alcançar a alta autoestima, o que, sem dúvida, é básico para uma existência harmônica.
Sentir-se bem não é inevitavelmente ligado à estética, não creio que todos devam ser “Giseles” ou “Gianecchinis”, mas que todos devem sentir-se saudáveis, ou seja, efetivamente vivos, isso eu afirmo com toda a minha não tão ínfima certeza.
Mas como esse texto não é propriamente sobre autoestima, e esporte para alguns não tem significado algum, quero terminar pedindo que todos façam o que lhes faz bem, acompanhados de pessoas que lhes trazem prazer e em lugares que realmente gostariam de estar. Quem sabe assim não fiquem tão chatos (deprimidos ou otimistas em excesso) e tornem meu mundo mais prazerosamente habitável?