terça-feira, 29 de julho de 2014

Depressão

Um moço(a) bonito(a), inteligente, saudável...
Ela é invisível, é preciso olhar calmo e amor para enxergá-la e entendê-la - conhecimento para respeitá-la e coragem para assumi-la. 
Pessoas, a imensa ignara que popula o mundo, veem como doença apenas o que é palpável, o que sangra. 
Das doenças da mente, têm um certo respeito a loucura e as que a longevidade  acarreta. 
Queridos portadores do cartaz "isso é frescura", saibam que a depressão, essa "bobagem" que os intelectuais tratam como o "mal do século" - pode te levar a qualquer cancerzinho ou um suicídio básico, mas não é com ignorantes que quero conversar: deixemos o parquinho e vamos para a Ágora.  
Medo, angústia, agonia... Não importa se você está no lugar mais seguro em cujo se sinta (minha casa, no meu caso). Na aquarela do afeto todas as cores são o cinza. No trabalho, a ideia da morte rápida é uma constante - como você podeira causá-la? Mas como fica quase impossível sair de casa, os pensamentos suicidas ficarão para o colchão que fará parte do teu corpo. 
Prostrado ou ansioso, não importa: você vai engordar ou secar; seus significados não significarão mais nada. É provável que você se drogue e beba com frequência - a metafísica etílica será o paraíso. Que passará e irá raspando mais um pouquinho de sua alma - aí é só beber e se drogar mais. Salutar esse círculo, não? 
O irônico é que bêbado e drogado o depressivo teria a coragem que lhe falta para dar cabo da vida; mas quem quer morrer no paraíso? 
Ouço muita bobagem acerca de medicações: pessoas dizem para os doentes que eles precisam parar com os remédios, têm de ter mais força. (Risadas?) 
Claro que há excessos, por isso quem está por perto (família, afeto, amigos) devem ajudá-lo no labirinto que leva até um bom profissional da saúde. 
Para piorar, é na adolescência que a depressão começa a se manifestar - período turbulento já pela própria natureza, turbinado com raiva, ódio, tristeza, violência... A depressão é uma medusa - seus tentáculos são quase infinitos. Hoje, como podemos ver no DSM-V (o mais recente), que traduzido significa, em sigla, "Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais" - temos nomes para cada tentáculo.
Iniciar um tratamento é premente quando diagnosticada uma depressão, ou pode não haver tempo.
Glosaremos mais sobre ela, mas por hoje é só. 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ela

Perigosa e redentora esperança...
A alma suturada, as cicatrizes em caminho contrário, abrem-se em flor.
Retalhos fazem-se homogêneos, permitindo  ao corpo anímico a volta a sua ereta postura.
Opção única, que não tenha sua morte ornamenta com  cicatrizações em caminho correto.
Esperança...

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Aborto, Eutanásia e Sacrifício

Acordei topetudo e quero escrever sobre temas religiosamente controversos, que envolvem sadismo, amor egoísta e invasão; e como eu, digamos, estou evacuando para religiões, o farei.
Comecemos pelo aborto: a legislação favorece a grávida quando vítima de estupro, mas - salvo engano, acho que só nesse caso. Quanto a crianças que só nascerão para morrer logo em seguida eu não sei como andam as leis. Para a igreja todos devem nascer, nem que seja para a mãe fazer uma selfie com o bebê que logo será enterrado num caixãozinho hermético do tamanho da caixa do sapato que ela usará no enterro.
Sadismo puro.
Em suma, quem deveria decidir sobre isso é a prenha.
Pílulas do dia seguinte e doenças incuráveis e gravemente (disse gravemente - uma paraplegia é triste, mas não aborta a dignidade, não impede o sucesso - até mesmo esportivo!) sequelantes: enquanto o filho for um girino, no início da gestação, não vejo problemas em a mãe decidir poupar-se e poupá-lo da vida que já é dura com tudo "certinho".
Agora, quanto as marias-abrem-pernas, que doam ou alugam a genitália amiúde, sortida e frequentemente e não se cuidam durante o ato ou no dia seguinte, desejo guilhotina às que pensam em abortar.
Não faça isso, menina: pense nas bolsas que o Estado oferece.
Eutanásia: somos (devemos ser) soberanos sobre nossos corpos; portanto serei conciso: sou a favor da eutanásia mesmo que o doente nem doente esteja.
Sacrifícios (animais de estimação): Dói bastante você chamar um veterinário para injetar um veneno letal em quem te deu tanto amor, mas se não há dignidade - só dor e sofrimento, um exemplo: minha rottweiller ficou quase um mês (por conta de um A.V.C. que a fez desaprender tudo) sem tomar água sozinha, sem comer sozinha, sem deitar sozinha, salvo quando caía de exaustão, vegetando, secando..., eu enfia comida e água em sua boca, com minhas mãos eu mastigava por ela, mas ela secou, no final não aguentei e chamei o bom carrasco - portanto se não há dignidade, que venha o fim.
Outro exemplo: Um cavalo que se lesiona e não serve mais para o trabalho - que sacrifiquem o dono que pensar em sacrificá-lo.
A vida é um milagre efêmero, a morte é um milagre infinito.

domingo, 20 de julho de 2014

Êxodos

As ausências..., dos que já se foram, dos que aqui estão, dos que nem chegaram, dos que não chegarão.
Todos somos órfãos, crianças no escuro tateando o colchão em busca de um pedacinho do corpo do pai. É sempre noite onde estamos quando metafísicos, como somos.
As presenças realmente importantes são raras, efêmeras, perecíveis. Em um minuto podem transformarem-se em partida.
Aproveitemo-nos.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Flor

Clarinha, tez alva que até um delicado toque carinhoso cunharia lividez.
Se o branco é a soma de todas as cores, todas elas desapareceram. É o acaso labutando contra? Ou a favor? Cercear o impossível é mais doído que apenas vislumbrá-lo.
Mas o olhos... Hipnotizam a ponto de nunca lembrarmos a cor de sua delicada claridade; sim, são claros - disso eu lembro. 
Sensibilidade emocional vestida com a mais adequada delicadeza física. 
Se a conheço? - mal e suspeito como a mim mesmo. Se a desejo? - mais do que todos os amanheceres. 
Se ela saberá? - somente com muita perspicácia. Das cicatrizes emocionais, os queloides concentram-se na alma - diminuta por enrugamento. 
O que me consola é saber que vê-la não quer dizer que exista. 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

11/07/2014

[De 27/01/2011] 

Agora, respeito qualquer dos meus sentimentos
Quero dormir com o medo, oscular meus receios 
Saudade carnal tenho da angústia, ah, angústia...
Visto-me de preguiça para suportar a labuta

Acalento meus vícios, os quero bem tratados
Cantarolo o meu ódio em sublimes quiálteras
Divido o mundo graças ao meu onipresente ciúme
Tomo-o de volta respeitando minha generosidade

Conto miríades de minutos para ser enganado
Banho-me num oceano etílico para voltar à sobriedade
Purifico meus pulmões com seguidos charutos

Sim, frio. Temo a ressaca de um bom enredo
Preciso de arrogância para ser respeitoso
Dou agora o gole final do meu leite azedo.

Ventre

Vejo novos pais. Amigos, familiares, familiares de familiares... 
Sou pai desde 06/05/2007 - meu filho era bem pequeno, um bebê, quando eu e sua mãe nos separamos. Mas pude vivenciar tudo o que poderia ter vivenciado. Sim, passei madrugadas embalando carrinho com as pernas, preparando mamadeira, trocando fraldas... Sozinhos (eu estava afastado de minha família na época), eu e ele (e uma cachorrada de mais ou menos 9 componentes). Não tive o azar dos que cujas ex-mulheres fazem do filho um meio de chantagear, castigar. Sempre pude estar por perto, e estive. Estou. 
Que os novos pais permaneçam perto das mães, mas se não der: seja um pouco ela. Cuide sozinho, combine, alterne noites... Passa rápido, muito.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Contradições Quarentenárias

O orgulho: de nunca ter entrelaçado corpos sem beijos, de nunca ter pago por sexo, de nunca ter dito "eu te amo" sem ao menos achar que era verdadeiro.
Engraçado, sou mais homem quando menos macho - e bicho quando mais penso.
Como já disse em outro texto: sou capaz de até mesmo ser eu.

domingo, 6 de julho de 2014

Radiografia 3x4

Ele chora... Advento feliz de uma paradoxal descoberta própria feita por outra mente.
Dor, medo, muito medo..., incapacidade e ocasos exponenciais não são o que para o nascer da salgada gota, a primeira da maré emotiva que inunda sua face, faltam; era necessária a não-metafísica: o que faltava eram palavras, capazes palavras.
Existencialmente radiografado, foi revelado à revelia, que, sem perceber, implorava.
Renuncia a morte renunciando a vida...
Que bom entristecer com a felicidade de este verbo ter nascido de duas das mais raras e, a ele, amadas bençãos: verdadeira amizade e palavras.
Chorando ele vê até a mocidade perdida.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Hoje Morreria

Onírico, desejo mais poético que o substantivo, sonho, que o relativiza, cria. 
Sim, a alma cicatrizada somada a uma chaga física que está a impossibilitar meu suor lacrimoso - é pelo esporte, pelo empenho, pela raça..., é salgando minha carcaça, até bonita, que "serotonizo" a dor que eu, logo eu - que fui obrigado a ser eu, escondo do mundo: a solidão anda mais compulsória do que deveria. Um afeto, sim - eu quero; mas não queria sabê-lo líquido - como foram os meus e os do resto do mundo - efemeridade... Dias modernos não obrigam mais as pessoas que se amaram a permanecer juntas. Eu quero nascer no passado: cortejar, sorrir, dar as mãos, ser cavalheiro, caminhar de braços dados, fazer de minha paixão minha senhora - dar meu nome. Perecer corporalmente juntos, como foi afetivamente. Fazer o milagre de uma pessoa não mais amada ser indispensável a minha existência. Quero chorar - a secura empoeirada abaixo dos meus olhos já "descromatizam" o belo para cujo já estou quase cego. A poesia dói, algumas saudades surgem, a arte alimenta quem hoje é quem mais temo, arqui-inimigo: minha sensibilidade. À dor da pele.