quarta-feira, 24 de julho de 2013

(Meu) Filho: Passado, Presente e Futuro.

Pequenez efêmera e alvissareira, olhos perdidos que me nortearam, anos que só passaram ao seu redor, e assaz rápido.
Alimento que fortalece a alma para o digladiar ininterrupto que chamam de "vida cotidiana" - prática.
Nuvens ofuscantes que só me fazem preocupar e, de alguma maneira velada, rezar.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Mais

Acredito piamente que nada seja mais moral do que agir de acordo com a própria idiossincrasia; trata-se de uma filosofia pessoal, nada política. Pessoas inteligentes correm dos arautos da "verdade", da política, da fé e do consumo (somos escravos do que nos vendem, não o contrário) - mas essas pessoas andam cada vez mais em silêncio (sábia postura que ainda alcançarei, os porcos já rejeitam as pérolas há tempos; e quebrar vidraças, aparentemente, dá mais, infelizmente, resultado do que tentar intelectualizar analfabetos funcionais e/ou zumbis sociais). Num mundo tão avatarizado fica assaz difícil agir de acordo com nossa própria essência porque ninguém, muito menos nós próprios, sabe quem somos; e a preocupação com o autoconhecimento é cada vez menor em relação à falsa autoimagem que nos empenhamos em aventar. Frases como "não estou nem aí" só demonstram o quanto de preocupação há com a imagem que outrem faz de nós. A felicidade plena que ostentam com fotos triviais, soam-me como mentirosas; a felicidade solitária cabal (há dores e delícias em ser só, em ter como enamorada a solidão - mas até Nietzsche a trocaria por verdadeira companhia) é o retrato colorido da falta de opção. Insatisfação faz parte de qualquer existência sã (creio que até os extremamente loucos são insatisfeitos), comportamento pueril tentar mostrar-se superior ao mais genuíno dos sentimentos humanos. Sou darwinista, mas prefiro acreditar que o encaixe perfeito de nossos órgãos sexuais é muito mais do que uma das ferramentas para a reprodução. Estão aí os homossexuais, de sexo complicado e amor legítimo, para corroborar o nosso lado não-bicho. Em tempo: escrevo este ensaio em plena segunda-feira de manhã por estar acamado. Boa semana a todos.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

X - ?

Sou canibal. Não, queridos leitores, não aprecio carne humana - considero apenas que, como eu, um animal com o neocórtex desenvolvido que come outro vive a antropofagia. Já há algum tempo que envergonho-me de comer e, apesar da culpa, adorar fatias de membros amputados de cadáveres que só o são para saciar minha fome (fome?). Um batalhão de hipócritas dirá que é a natureza e aquele blá-blá-blá de sempre; nunca vi um frigorifico em meio à alguma savana africana ou uma churrascaria rodízio no pantanal - e na primeira série do ensino-fundamental aprendemos que a capacidade de raciocinar nos diferencia das bestas que se caçam para não morrer de fome. Há os demagogos fundamentados, como eu, que dizem (e com sinceridade) que só consomem carne por ela já estar exposta nos açougues, ou seja: não há mais o que se fazer. E de fato essas pessoas (friso que sou uma delas) não matariam um bicho para defumá-lo e por fim defecá-lo - mas ainda assim acho uma postura estranhamente mitigadora: não comer animais, mesmo com toda a inocuidade que o fato de eu ser uma só boca explicita, seria mais honroso. Há, também, os demagogos em si (Churrascaria Kant?), como o cantor (sic) Luciano, que é vegetariano e dono de dois frigoríficos, bonito... Melhor que os feche e faça churrascos de segunda a segunda com aquela cambada que canta em tons altos músicas de baixíssima qualidade. Sobre os métodos de abatimento eu prefiro não escrever, só digo que é cruel, demasiado cruel. Aprecio o vegetarianismo e acho o veganismo assaz exagerado e politicamente-correto (um queijinho não faz mal a ninguém: melhor para a vaca ter as tetas apertadas por estranhos, ou sugadas por máquinas, a virar almôndega); que eu chegue a parar de consumir carne - não para a utópica "salvação" dos bichos, mas para o êxodo de minha culpa que só me faz comer.