quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ovo e Galinha

O homem que sabe que sabe, desde sua criação ou determinante ponto da evolução, selvagem ou divinamente, sempre procurou um par.
Mas não é de tamanho distanciamento temporal que desejo falar.
Quero falar da iniquidade, a ausência que ausência não é, seria ela a falta de equidade, mas creio que ela nunca existiu (falo de pares).
Antes era o homem que de tudo fazia para subjugar sua mulher, sobrepondo-se.
Respeito medroso não é amor.
Muita água rolou e, hoje, a mulher não tem mais o dever de conviver com um desamado, salvo as dementes algures que ainda não notaram o próprio poder de ser-se.
Divórcios amiudados são naturais, o "felizes para sempre" foi criação social.
Quem suporta se deixar moldar (no limite entre equidade e sequestro da subjetividade) para simplesmente ver teu par feliz é quem "ama". Mas a paixão é dual: quem está apaixonado por alguém é mais apaixonado por si mesmo, o que o torna um subjugador tenaz e auto-vitimante, teatro que acaba por dá-lo a razão, sempre, por mais descabida que seja.
Pessoalmente, vivo as dores e delícias que minha solidão implica.
Mas também sou divino e bicho: preciso de você.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Tente

[Sobre o afeto]

"A esperança é uma nuvem diáfana, se operante permite que desça a luz; se inerte, que as trevas alcem voo."

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Colado



[Amor em Carne]
Saudade do sexo justo
Beijos doídos e molhados
Gemidos em silêncio ruidoso
Fim/recomeço, cansaço em libido
Dois corpos deliciosamente jogados.
Recomeço...

Concreto

[Aventurando-me no concretismo; embora o Facebook não tenha permitido a formatação concreta que defini]
Carente
Descrente
Amor vertente
************************************************************
Sorrindo cerra(o) os dentes
Só os maus (são) pungentes
Felizes só sem dentes
Carecas e pentes
*************************************************************
Dentes carentes
Nem mesmo
Os pentes
Maus e males pungentes
Sorrisos - urgentes.

Eu?

Certa feita, meu filho me disse que quem já tem 35 anos e não tem uma parceira é gay ou problemático; não tenho um resquício homofóbico, mas, nessa pequena sabedoria do meu rebento, encaixo-me, com certeza cabal, na segunda alternativa.
Dou-me o direito à defesa, ou melhor: à explicação (estou cagando, mas deu vontade de escrever).
Para com as "novinhas", que claro fique que parto dos vinte anos de idade, eu não tenho mais estômago. O visco que usam como engodo enruga-se antes de desnudá-las.
As contemporâneas a mim, com todo o respeito, já têm um parceiro (ou esperam o príncipe), manias insuportáveis e/ou embarangaram demais. Ainda há algumas delas que ostentam um comportamento vestal, e, claro, falsamente irritante.
As mais velhas, somente as inteligentes e que cuidam um mínimo da carcaça, atraem-me, confesso. Porém, quando não resignadas e habituadas a solidão, estão na zona de conforto afetivo: o trabalho.
Antes que as feministas que sonham em ter barba me critiquem, quero dizer (e já disse assumindo-me problemático) que adquiri, também, manias insuportáveis e estou entrando na confortável zona afetiva que citei há pouco.
Se/quando aparecer alguém que eu tolere e vice-versa, abandono minha enraizada iniquidade e parto para o abraço.
Todos querem um amor, mas a liquidez que 36 anos de experiência propiciam é um pouco, se não incapacitante, procrastinadora.


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Já Foi

"Urgente mesmo é ter calma" (Fábio de Melo).

Como a pressa e a impulsividade são destruidoras... Apressados não sentimos o sabor do que nos alimenta, apressados nos colocamos em risco no trânsito, apressados não percebemos um olhar carinhoso, apressados não notamos um potencial (afetivo ou não). E a pressa anda de mãos dadas com a impulsividade: comemos mais, brigamos por situações banais, atacamos quem nos acaricia e rompemos até mesmo com o amor.
Estou apressado para acalmar-me.

Obstinados

Inútil porfia... 
Encarcerar-se em liberdade, voar todo o subterrâneo. 
Colorir o cinza que insiste em renovar-se; vislumbrar o pouco provável.
Alegrias paliativas, renovações interinas. Fastígio no escuro.
Quem pode salvar-se de si mesmo? E como o querer? 
Simbiose com o cotidiano repelente - dores, flores. Alma doente. 
O trágico na vida é seu início. Sístoles, diástoles - tolos movimentos; amar, odiar, querer, não desejar... Faça-se breve, vida; chegue em breve, morte. Ou não?
Polos visitados constantemente; vontades, fomes, ânsias e asias. E vem a alegria.
E vai.
E vem.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

1,2,3,4,5,6,....

Ser feliz... Quem me diz?
Só acredito na "felicidade" (sou obrigado a usar esse termo, é um consenso - faz parte do inconsciente-ignorante-coletivo) se fragmentada: digladiar a cada segundo com o mundo e com nós mesmos em busca de momentos de paz. 
Discutir relação com a Solidão para poder ter (e manter) em quem confiar, a quem amar; e o mais difícil: deixar ser amado. Como é difícil pertencer sem documentos, sem garantias... 
Mas é para isso que aqui estamos - para dar sentido a vida, que nenhum faz, sofrendo, amando, estando em paz, evoluindo... , e deixarmos sob pás de terra.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Velado

Não fala-se em "rinhas" hoje em dia, seja entre cães, entre galos..., ou entre (nesta muito se fala) homens (transformaram o melhor evento de artes marciais mistas num circo análogo ao Coliseu de Roma - somado com a inexorável vaidade contemporânea e a mídia sempre persuasiva) - mas elas estão por aí.
Sempre há demônios que usufruem o "Schadenfreude" ("deleite com o sofrimento alheio", em alemão), geralmente escondidos - a legislação teve uma sutil melhora em relação a maus tratos para com animais. 
Na verdade esta postagem é um pedido: qualquer crueldade com os bichos, 190.
Silêncio é cumplicidade.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Vara

"Bagunçar" é bom e eu gosto (muito).
Mas a farra deve ser quantificada - ou a vida se resumirá a ela, assim, quando dela fora, o ser se sentirá um lixo e se arrastará feito um verme.
Já carregamos um cadáver nas costas; é preciso amarrar uma bola de ferro, como as dos desenhos animados, em uma das pernas? 
Cada um conhece (deveria conhecer) sua idiossincrasia, mas baseado na minha eu calculo que 80% do tempo para os significados (ser um bom pai, um bom profissional, um bom atleta...) e 20% para a "esbórnia" é um bom produto para essa contabilidade. Claro que oscilamos, tropeçamos... Mas sem cair voltamos à trajetória na corda em cuja nos equilibramos e nos sentimos bem.

Viagem Alvissareira

Ler... Hábito saudável, necessário, e cada vez mais difícil de incentivar.
Existem os tédios objetivo e subjetivo: o objetivo provém de leituras de fato ruins, textos mal escritos ou sem conteúdo; o subjetivo depende do interesse do leitor - ou seja: é muito entediante ler o que pouco nos interessa.
Disse isso tudo para chegar nos filhos; chegará uma hora que serão obrigados a ler textos subjetivamente desagradáveis, mas enquanto essa hora não chega, ofereçamos histórias e estórias que os agradem - e cabe ao pai garimpar e experimentar. 
Depois de mergulharem nesse bom vício, o de ler, nem o tédio objetivo os impedirá de "comer" letras. O que será ótimo para os futuros e temidos vestibulares.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Danoninho

Creio eu, no auge dos meus poucos ou muitos trinta e cinco anos, que nunca a imaturidade foi tão homogênea.
Talvez pelos chocalhos travestidos de "smartphones", dos caminhões e bonecas em forma de "tablet" e do pega-pega  com o pomposo eufemismo de "rede-social". 
Filmar um moleque provocando um tigre (smartphones), deixar o filho comer besteiras o tempo todo e jogar virtualmente a ponto de constituir uma simbiose obesa com o game só para poder com pinças digitais ampliar e bisbilhotar as carências alheias, sem "encheção-de-saco" (tablets e redes-sociais) ou mesmo se tornar um solitário cheio de amigos (a imaturidade faz da "rede" uma multidão de solitários) é  coisa de gente adulta?
Quantos acidentes ainda vão acontecer por desatenção? Por pedidos de atenção (não duvido que o pobre menino que passará sua vida sem um braço queria mesmo é uma boa e deliciosa repreensão, ou seja: atenção do pai)? 
Certa feita, meu filho queixou-se de que eu quando estava com a latinha na mão (cerveja) não o dava atenção; os dois (ele e a lata) nunca mais se encontraram. 
Voltando à tecnologia (evolução que veio involuidora) - conto nos dedos de uma mão os que me servem no Facebook (como exemplo), já cheguei a dizer que nele eu sou um garçom.
É ótimo ter momentos para idiotices relaxantes, legal registrar e postar momentos bons... Mas se a responsabilidade de ser adulto for engolida pela diversão, a imaturidade está posta. 
Brinco bastante na internet, mas divirto-me muito mais nos meus treinos, nos meus estudos, no cansaço que meu filho causa, com meus cães... 
Experimente crescer - nem é tão ruim assim.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Depressão

Um moço(a) bonito(a), inteligente, saudável...
Ela é invisível, é preciso olhar calmo e amor para enxergá-la e entendê-la - conhecimento para respeitá-la e coragem para assumi-la. 
Pessoas, a imensa ignara que popula o mundo, veem como doença apenas o que é palpável, o que sangra. 
Das doenças da mente, têm um certo respeito a loucura e as que a longevidade  acarreta. 
Queridos portadores do cartaz "isso é frescura", saibam que a depressão, essa "bobagem" que os intelectuais tratam como o "mal do século" - pode te levar a qualquer cancerzinho ou um suicídio básico, mas não é com ignorantes que quero conversar: deixemos o parquinho e vamos para a Ágora.  
Medo, angústia, agonia... Não importa se você está no lugar mais seguro em cujo se sinta (minha casa, no meu caso). Na aquarela do afeto todas as cores são o cinza. No trabalho, a ideia da morte rápida é uma constante - como você podeira causá-la? Mas como fica quase impossível sair de casa, os pensamentos suicidas ficarão para o colchão que fará parte do teu corpo. 
Prostrado ou ansioso, não importa: você vai engordar ou secar; seus significados não significarão mais nada. É provável que você se drogue e beba com frequência - a metafísica etílica será o paraíso. Que passará e irá raspando mais um pouquinho de sua alma - aí é só beber e se drogar mais. Salutar esse círculo, não? 
O irônico é que bêbado e drogado o depressivo teria a coragem que lhe falta para dar cabo da vida; mas quem quer morrer no paraíso? 
Ouço muita bobagem acerca de medicações: pessoas dizem para os doentes que eles precisam parar com os remédios, têm de ter mais força. (Risadas?) 
Claro que há excessos, por isso quem está por perto (família, afeto, amigos) devem ajudá-lo no labirinto que leva até um bom profissional da saúde. 
Para piorar, é na adolescência que a depressão começa a se manifestar - período turbulento já pela própria natureza, turbinado com raiva, ódio, tristeza, violência... A depressão é uma medusa - seus tentáculos são quase infinitos. Hoje, como podemos ver no DSM-V (o mais recente), que traduzido significa, em sigla, "Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais" - temos nomes para cada tentáculo.
Iniciar um tratamento é premente quando diagnosticada uma depressão, ou pode não haver tempo.
Glosaremos mais sobre ela, mas por hoje é só. 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ela

Perigosa e redentora esperança...
A alma suturada, as cicatrizes em caminho contrário, abrem-se em flor.
Retalhos fazem-se homogêneos, permitindo  ao corpo anímico a volta a sua ereta postura.
Opção única, que não tenha sua morte ornamenta com  cicatrizações em caminho correto.
Esperança...

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Aborto, Eutanásia e Sacrifício

Acordei topetudo e quero escrever sobre temas religiosamente controversos, que envolvem sadismo, amor egoísta e invasão; e como eu, digamos, estou evacuando para religiões, o farei.
Comecemos pelo aborto: a legislação favorece a grávida quando vítima de estupro, mas - salvo engano, acho que só nesse caso. Quanto a crianças que só nascerão para morrer logo em seguida eu não sei como andam as leis. Para a igreja todos devem nascer, nem que seja para a mãe fazer uma selfie com o bebê que logo será enterrado num caixãozinho hermético do tamanho da caixa do sapato que ela usará no enterro.
Sadismo puro.
Em suma, quem deveria decidir sobre isso é a prenha.
Pílulas do dia seguinte e doenças incuráveis e gravemente (disse gravemente - uma paraplegia é triste, mas não aborta a dignidade, não impede o sucesso - até mesmo esportivo!) sequelantes: enquanto o filho for um girino, no início da gestação, não vejo problemas em a mãe decidir poupar-se e poupá-lo da vida que já é dura com tudo "certinho".
Agora, quanto as marias-abrem-pernas, que doam ou alugam a genitália amiúde, sortida e frequentemente e não se cuidam durante o ato ou no dia seguinte, desejo guilhotina às que pensam em abortar.
Não faça isso, menina: pense nas bolsas que o Estado oferece.
Eutanásia: somos (devemos ser) soberanos sobre nossos corpos; portanto serei conciso: sou a favor da eutanásia mesmo que o doente nem doente esteja.
Sacrifícios (animais de estimação): Dói bastante você chamar um veterinário para injetar um veneno letal em quem te deu tanto amor, mas se não há dignidade - só dor e sofrimento, um exemplo: minha rottweiller ficou quase um mês (por conta de um A.V.C. que a fez desaprender tudo) sem tomar água sozinha, sem comer sozinha, sem deitar sozinha, salvo quando caía de exaustão, vegetando, secando..., eu enfia comida e água em sua boca, com minhas mãos eu mastigava por ela, mas ela secou, no final não aguentei e chamei o bom carrasco - portanto se não há dignidade, que venha o fim.
Outro exemplo: Um cavalo que se lesiona e não serve mais para o trabalho - que sacrifiquem o dono que pensar em sacrificá-lo.
A vida é um milagre efêmero, a morte é um milagre infinito.

domingo, 20 de julho de 2014

Êxodos

As ausências..., dos que já se foram, dos que aqui estão, dos que nem chegaram, dos que não chegarão.
Todos somos órfãos, crianças no escuro tateando o colchão em busca de um pedacinho do corpo do pai. É sempre noite onde estamos quando metafísicos, como somos.
As presenças realmente importantes são raras, efêmeras, perecíveis. Em um minuto podem transformarem-se em partida.
Aproveitemo-nos.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Flor

Clarinha, tez alva que até um delicado toque carinhoso cunharia lividez.
Se o branco é a soma de todas as cores, todas elas desapareceram. É o acaso labutando contra? Ou a favor? Cercear o impossível é mais doído que apenas vislumbrá-lo.
Mas o olhos... Hipnotizam a ponto de nunca lembrarmos a cor de sua delicada claridade; sim, são claros - disso eu lembro. 
Sensibilidade emocional vestida com a mais adequada delicadeza física. 
Se a conheço? - mal e suspeito como a mim mesmo. Se a desejo? - mais do que todos os amanheceres. 
Se ela saberá? - somente com muita perspicácia. Das cicatrizes emocionais, os queloides concentram-se na alma - diminuta por enrugamento. 
O que me consola é saber que vê-la não quer dizer que exista. 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

11/07/2014

[De 27/01/2011] 

Agora, respeito qualquer dos meus sentimentos
Quero dormir com o medo, oscular meus receios 
Saudade carnal tenho da angústia, ah, angústia...
Visto-me de preguiça para suportar a labuta

Acalento meus vícios, os quero bem tratados
Cantarolo o meu ódio em sublimes quiálteras
Divido o mundo graças ao meu onipresente ciúme
Tomo-o de volta respeitando minha generosidade

Conto miríades de minutos para ser enganado
Banho-me num oceano etílico para voltar à sobriedade
Purifico meus pulmões com seguidos charutos

Sim, frio. Temo a ressaca de um bom enredo
Preciso de arrogância para ser respeitoso
Dou agora o gole final do meu leite azedo.

Ventre

Vejo novos pais. Amigos, familiares, familiares de familiares... 
Sou pai desde 06/05/2007 - meu filho era bem pequeno, um bebê, quando eu e sua mãe nos separamos. Mas pude vivenciar tudo o que poderia ter vivenciado. Sim, passei madrugadas embalando carrinho com as pernas, preparando mamadeira, trocando fraldas... Sozinhos (eu estava afastado de minha família na época), eu e ele (e uma cachorrada de mais ou menos 9 componentes). Não tive o azar dos que cujas ex-mulheres fazem do filho um meio de chantagear, castigar. Sempre pude estar por perto, e estive. Estou. 
Que os novos pais permaneçam perto das mães, mas se não der: seja um pouco ela. Cuide sozinho, combine, alterne noites... Passa rápido, muito.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Contradições Quarentenárias

O orgulho: de nunca ter entrelaçado corpos sem beijos, de nunca ter pago por sexo, de nunca ter dito "eu te amo" sem ao menos achar que era verdadeiro.
Engraçado, sou mais homem quando menos macho - e bicho quando mais penso.
Como já disse em outro texto: sou capaz de até mesmo ser eu.

domingo, 6 de julho de 2014

Radiografia 3x4

Ele chora... Advento feliz de uma paradoxal descoberta própria feita por outra mente.
Dor, medo, muito medo..., incapacidade e ocasos exponenciais não são o que para o nascer da salgada gota, a primeira da maré emotiva que inunda sua face, faltam; era necessária a não-metafísica: o que faltava eram palavras, capazes palavras.
Existencialmente radiografado, foi revelado à revelia, que, sem perceber, implorava.
Renuncia a morte renunciando a vida...
Que bom entristecer com a felicidade de este verbo ter nascido de duas das mais raras e, a ele, amadas bençãos: verdadeira amizade e palavras.
Chorando ele vê até a mocidade perdida.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Hoje Morreria

Onírico, desejo mais poético que o substantivo, sonho, que o relativiza, cria. 
Sim, a alma cicatrizada somada a uma chaga física que está a impossibilitar meu suor lacrimoso - é pelo esporte, pelo empenho, pela raça..., é salgando minha carcaça, até bonita, que "serotonizo" a dor que eu, logo eu - que fui obrigado a ser eu, escondo do mundo: a solidão anda mais compulsória do que deveria. Um afeto, sim - eu quero; mas não queria sabê-lo líquido - como foram os meus e os do resto do mundo - efemeridade... Dias modernos não obrigam mais as pessoas que se amaram a permanecer juntas. Eu quero nascer no passado: cortejar, sorrir, dar as mãos, ser cavalheiro, caminhar de braços dados, fazer de minha paixão minha senhora - dar meu nome. Perecer corporalmente juntos, como foi afetivamente. Fazer o milagre de uma pessoa não mais amada ser indispensável a minha existência. Quero chorar - a secura empoeirada abaixo dos meus olhos já "descromatizam" o belo para cujo já estou quase cego. A poesia dói, algumas saudades surgem, a arte alimenta quem hoje é quem mais temo, arqui-inimigo: minha sensibilidade. À dor da pele.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Ratos e Petróleo

Deve haver um submundo, talvez edificado nas redes de esgoto ou sob o pré-sal - fica difícil saber - onde os bebês são criteriosamente selecionados e preparados para serem desinstruídos por academias de excelência negativa; começa no ensino formal, onde desaprendem o natural dom de aprender; seguindo para a faculdade que polirá qualquer resquício de polidez que possa ter passado despercebido (afinal os professores são idiotas - e nesse caso, mais idiotas ainda: não conseguiram atingir o grau máximo da idiotice). Depois, naturalmente, seguem ou não por mestrados, doutorados...
Esses mestres e doutores são encaminhados a um breve curso de informática (aprender a ligar o computador e criar uma página no Facebook e/ou Twitter e enviados à superfície para fazer ao que treinados foram: serem chatos e burros.
Nota veladamente explicativa: Meu querido, não se meta com intervenções cretinas no pouco de bom que usufrui-se por aqui. Tente estudar ou desista de invejar.
Vá ao parquinho.

domingo, 22 de junho de 2014

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Altar

A contradição: a paixão pela Solidão e o necessário fastígio.
É o artista ser moral e intelectualmente, e passando pelo afeto, híbrido.
O caminho de colossal distância entre os polos emocionais é atalhado com gigantes saltos; ora furiosos, ora plácidos. Ou desidiosa inércia.
Não há contrição: estar anacrônica e existencialmente fora do lugar (polo momentaneamente errado) gera arrogância ou falta presencial.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Quem

Uma expressão plácida, um coração candente. Porfia, talvez inútil, de avatarizar-se em paz.
Desídias a si próprio, respostas evasivas à própria existência. Falácia trivial, porém, posto que assim é, cabal e popularmente antagônica: o que se mostra subjuga o que se é - o eu descontente raramente é exposto: defesa cognitiva para pertencer ao mundo. E bem-aceito ser.
O que somos vale mais do que o que temos; mas o que temos é o que somos - não materialmente, também material. As cicatrizes existenciais se emendam e nos fazem curvar, é a hora da angústia, do medo, da solidão compulsória.
Aceitar a dor e mostrá-la a si mesmo, não ao mundo. Defender-se quimicamente contra a química matematicamente errada que nos forja.
E nunca, mesmo, esquecer que de qualquer forma a agonia é cíclica: chegada e êxodo.
Liberte-se preparando-se.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Adeus, Oi.

O amor é uma experiência anímica cíclica e líquida: constrói, destrói, constrói... 
Nasce belo e perfeito; morre cansado e desesperado pelo próximo (que será melhor). Nasce novamente, morre... 
Os casamentos não se desfazem a miríades pela pela falta de amor - é que hoje distanciar-se de quem te cansa animicamente não mais é imoral, tão pecaminoso e criminoso. 
Creio que Fábio de Melo tem razão: só edifica-se em boa base o relacionamento pensado (antes do início) no presente e no futuro: olhando com calma as possibilidades e adequações - sem o fervor lascivo e doentio (ficamos retardados, não?) da paixão. Esse amor vai cansar, como todos, mas permanecerá.

Insípidos

Os fantasmas oriundos de afetos recém ou mal terminados nos assombram. É como se nossa alma dormisse de luz acesa. 
Buscar a indiferença (pois ódio, nesses casos, geralmente não passa de amor inconformado) é um longo e duro caminho - é a sabedoria que nos permite tacar o dedo no interruptor. 
E acharemos, claro, um afeto melhor que o que não deu certo e pior que o próximo. Somos assim. Afetivamente líquidos.

Oportunismo

Não sou contra greves: dentro da lei, planejada e deliberadamente, tudo é legítimo. 
Agora, foder a vida de vários seres usando um diabólico oportunismo reivindicatório acerca do "não vai ter copa" é desumano. 
Muitos destes canalhas estarão de verde e amarelo, sentados ao sofá, com a cervejinha e irritantes cornetas aguardando o primeiro apito quando o "espetáculo" começar. 
Você sabe o que é esperar por uma consulta médica por mais de seis meses e no dia não ter com chegar a ela?
Vamos ferrar quem nos ferra, não quem se ferra com a gente. E há maneiras inteligentes, eficientes e legais para isso.
Em tempo: a cara de "surpresos" dos governantes (o Haddad em especial) é de madeira de lei.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Mentira (in)útil

A mentira inútil chamada poesia só é bela por assim ser. Faltam mentiras enlevadoras, inutilidades. 
Está tudo cinza, banhemo-nos em cores falsas que saem com água e sabão.
Basta-te a vida?

terça-feira, 13 de maio de 2014

Rei de Copas

Esses protestos acerca da Copa da Fifa (para a maior parte dos protestantes) não passam de oportunismo (para greves, reivindicações pessoais disfarçadas de coletivas e afins); ao apito inicial estarão todos sentados, feito retardados (que são), com as latinhas de cerveja em mãos, de frente à televisão gritando e dando graças a Deus (veladamente, claro - somos todos militantes, não?) por não terem investido a colossal quantia de dinheiro em educação ou saúde.
Depois voltam a reclamar.
Que venha o Mundial de Clubes, que já está em negociação para que aqui aconteça. E o roteiro será o mesmo: oportunismo - felicidade (ópio) e reclamações; é o ciclo num país manipulável;
"País do futebol" - que título vergonhoso. Acho que vou para a Finlândia.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Darwin

Querem mesmo divulgar e incentivar quem já é racista (que não é nada criativo - essa história de jogar bananas já deu, não?) comendo bananas? 
A hora é de indiferença; não de sensacionalismo.
Mas se insiste: peça para uma amigo segurar seu smartphone e filmar enquanto você enfia a banana no reto. Depois, num flato, solte a casca em formato de estrela do mar. 
Vai dar o que falar, garanto. 
Meu povo, estão cometendo racismo imbecil e pueril - para chamar a atenção.
Seja blasé e a "criança" vai perceber que a brincadeira perdeu a graça.
E não venham com a história de "anos de escravidão", violência...; os tempos são outros, o racismo é social (claro que há idiotas preconceituosos que chegam à violência física) - lutem por educação igual para todos - sem cotas; não por casos isolados praticados por idiotas que querem aparecer.
E outra: a vítima (a última) é um ídolo (veja o paradoxo) ganhando meio milhão de reais por mês - admirado por um mundo de gente racista e/ou não.
Quanta gente boba.
Em tempo: nem sei por que falei disso - não gosto de temas em massacrante voga. E olha que eu nem assisto à TV.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vespeiro

Acabei de dizer a "mamis" que é sadismo manter vivo um ser (nossa cachorra) em situação tão lastimável. Por ela, minha mãe, possuir amor e "cumplicidade" com a múmia (também gosto dela - mas um tanto mais de longe), fui obrigado a elucidar que não é nada pessoal (eu desejar que ela morra): se eu estiver em estado semelhante desejarei que logo parta a meus sete palmos (se eu tiver condições, dou um jeito); se ela, minha mãe, chegar a viver indignamente desejarei o mesmo (mas por motivos legais, não daria um jeito). E se o ser que mais amo, meu filho, deixasse de viver uma vida que valha a pena - com esperança, sem dor, sem humilhação - também desejaria.
Sou uma espécie passiva de assassino da indignidade: cabalmente a favor da eutanásia - inclusa a infantil.

Imprecação

Ontem, uma grande (e a mim imune) amiga me disse:
- Gostaria de saber como você faz para sempre ter uma pessoa apaixonada por você.
Respondi que sou amaldiçoado, um bilhete de loteria. 
e indiquei o necessário texto abaixo. 

Paliativos (Francisco Daudt)

[...] "É evidente que o maior sonho de todos nós é amar alguém, e por esse alguém ser amado. Ou, de forma precisa, ser a prioridade erótico-afetiva de alguém que é nossa prioridade erótico-afetiva.

Mas, eta coisinha difícil de acontecer. E quando acontece, é fugaz como um raio, mesmo que caia mais de uma vez no mesmo lugar. Não importa, o desejo nos assombra como um vácuo a ser preenchido.

Como qualquer obsessivo, vivi olhando os 20% que faltavam e desdenhando dos 80% que tinha. Ou, nas palavras de Ricardo de Albuquerque, “a felicidade está onde nós a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos”.

Aqui entra Leibnitz (filósofo alemão, século 17) com sua mal compreendida tese de que nós vivemos o melhor dos mundos possíveis, num aparente otimismo doentio que levou Voltaire a ficar furioso, e escrever “Candide”, um cômico deboche sobre um otimista incurável a quem todas as desgraças imagináveis aconteciam.

Porque, se nosso maior sonho é tão raro, é melhor que vivamos sem contar com ele. Este será o nosso “melhor dos mundos possíveis”. E se aquele encontro da cara-metade platônica é assim como a mega-sena, bem, podemos comprar o bilhete, mas não vivermos obcecados por nosso “azar”, já que o normal é que o prêmio não saia.

É a vez de falar dos estóicos, outro grupo filosófico mal compreendido. Eles não são “os que sofrem em silêncio”, como se costuma entendê-los, mas os que acolhem sem discussão suas realidades imutáveis. Assim, fará tanto sentido para um estóico se lamentar por só ter uma perna quanto você se lamentar por ter duas. Ele não se referencia como “alguém de uma perna só”, mas como alguém que vive no melhor de seus mundos possíveis. Um estóico nunca será um coitadista, a faturar em cima de sua desgraça, já que ele não vê o fato de só ter uma perna como tal.

Então o estóico é um “resignado”, um “conformado”? Não! Isto seria se referenciar pela falta da perna, coisa que ele não faz. E se surgir uma prótese legal, o melhor de seus mundos possíveis se ampliará, e ele vai se valer da prótese. Ou seja, ele não ignora que só tem uma perna, ele só não vive em função disso.

Quer dizer que, na falta do sonho de amar e ser amado, da fantasia romântica de filme, só nos restam paliativos? Ora, chamar de paliativos o amor companheiro, a amizade, a camaradagem, a ética, a leitura, o fazer o bem, o cuidar da família, o cultivo do espírito, os erotismos possíveis, a conservação de valores prezados (disso, sou conservador, com muita honra), a crítica de valores desprezados, a interação com a cultura, o lazer e o ócio criativo, novamente é se referenciar pela falta do prêmio lotérico.

Mas eu compro bilhete…"

domingo, 20 de abril de 2014

Forca

Já era invejante o grave câncer - patologias lúdicas já haviam lhe empanturrado. Até quando aguentaria o dia próximo, esses amanhãs involuídos a ontem?
O corpo em perfeito funcionamento - exames vários esfregavam-lhe na fuça; as viagens fartas em quilômetros e riscos de cujas saía intacto geravam amiudadas decepções.
O sentimento de inadequação terrena corroía, mas só a alma. Se a doença do espírito não se esparrama pelo corpo, de nada serve.
Já era claro que não haveria um fim, o cabal, sem agir - mas coragem de protagonizá-lo ativamente não possuía.
Talvez, bêbado e drogado alcançaria essa impavidez - mas nessas horas a vontade era de viver, de não dormir: procrastinar o sono que acabaria com a felicidade química, a única possível.
Suicídio não era compatível com esses momentos.
Resignou-se: viveria muito. Só porque não queria.
E ao fim, décadas vividas compulsoriamente - beirando o sonhado êxodo, percebeu que morto sempre foi.
Sorriu.






terça-feira, 15 de abril de 2014

Fim

Entrei como o costume me ensinou a entrar; só consegui enxergar ao fechar os olhos: as lembranças faziam diáfanas as minhas pálpebras.
O cheiro não estava mais lá, mas senti-lo não foi trabalhoso - a pipoca e os cães sedimentaram seus aromas em minhas memórias.
Ela, minha mãe, concisa em corpo, em contraste com a sabedoria, saudosa e triste - o retorno era motivado por ocaso, doença.
Já não tinha controle sobre meus dedos, esses que compeliam meu salário. Era eu escritor, não desses de livros - os artistas. Escrevia histórias tristes e absurdas de um povo marcado pela violência, pela prisão sem muros em que todos nós nos encontramos.
Mas com meu corpo desenhando-se uma árvore eu não podia mais labutar na delegacia. Meus membros atrofiando me bancaram uma excursão pelo prédio e os ofícios nele realizados - só faltou eu ser "peso-de-porta". Acabou - a doença transformou meus três anos de trabalho em trinta.
Amigos? Não, não... Sumiram todos. Cheguei a minha antiga casa pela gentileza de um desconhecido comprada por uma boa quantia de dinheiro.
Minha mãe não se levantou, coitada: já não o fazia sozinha há mais de meia década; e quem era eu, aquela árvore com galhos sem rumo, para ajudá-la? E um abraço seria no mínimo tragicômico.
Trocamos olhares tristes e felizes; mais felizes que tristes: estávamos juntos e nossos fins eram próximos.
Quem sabe sincronizados?


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Vá. E vá indo.

Sabe o que existe além do horizonte? Nada! (Hipótese não-peremptória)
Assistam ao filme "Tapete Vermelho" - há uma cena onde o protagonista diz: 
- Não gosto desse negócio de pagar aqui para receber depois.
O sábio usufrui, não busca pertenças, tampouco recompensas. Busque a escritura dos seus significados, e rasgue-a (você pertence a eles, não o contrário). Viva-os - é o que nos resta até morrer. Tenha fé, mas operante, aja.
Não espere intervenção - se Deus é bom, ele não ajuda a poucos e ferra com outros. Pense mais na morte que na vida - assim a vida será mais intensa e deliciosamente tenebrosa. Compartilhe menos e vivencie mais - não deixe o "dever" do registro roubar-te o momento.
Quando caveiras, pouco importarão teus arquivos - o mesmo vale para o que foi vivido; mas vivido foi.

terça-feira, 25 de março de 2014

Desalgeme-se

Gentilezas amiudadas perdem o valor ou tornam-se obrigações. 
Faça "tudo" para uma pessoa e o passo seguinte é você se tornar cabal e definitivamente, a ela, incapaz. 
Ser atencioso e carinhoso requer cuidado, um pequeno deslize (sutil excesso) endossa o direito de sequestrarem nossa subjetividade.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Endócrino

Meu prazer ganhava forma, erigia.
A aspereza  arrepiada de tua pele  confundia,
teus sussurros elucidavam a nascente.
Não era de frio que tremias.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Repeteco Filosófico

"Felizes (?) os ignorantes, sob a égide do não-conhecer." 
É possível considerar a pequenez existencial, em cuja desconhece-se a alegria de ampliar o próprio universo (interior e exterior), a que torna as pessoas afetiva e profissionalmente autômatas, como "felicidade"? 
É fácil satisfazer-se conhecendo pouco, mas entre satisfação e felicidade (que claro fique, e explicarei logo abaixo, que não creio na cabal) há léguas. 
A felicidade real é a fragmentada, de forma pobre podemos chamar "bons momentos" - e bons momentos são mais frequentes em mentes mais vazias. 
Em tempo: Deus me livre de ser feliz.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Bananeira

Poderia tudo ser mais justo, mais bem distribuído; não falo de igualdade - apenas gostaria que a aristocracia prática se baseasse na intelectual: que autômatos não fossem os vitoriosos, que a sociedade fosse membrada como um corpo humano: no topo, a mente. Que gente pequena e bajuladora não alcançasse bons cargos, bons salários; que graduados que nem ao menos falam (nem escrevem) corretamente não ostentassem eminentes diplomas em suas paredes, e queria muito que esses perdessem o sorriso assaz dentado que retrata a superioridade do inferior. Queria um governante à Nietzsche, um professor à Dostoiévski... A arte... Que bom seria se o etéreo fosse o mais valorizado, se os indignos fossem a minoria, que danças epiléticas evoluíssem a admirativas viagens paraplégicas - sentados, de olhos fechados.


Na impossibilidade do que supracitei, desejo algo menos possível ainda: não ser eu

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Mais que dois

Desabitar significados é arremedar a si próprio, é enlevar-se com o cinza.
Pertenças recíprocas (amor), sorrisos banguelas (família): eis o pão. 
O bicho e a gente em convergência, o sofisticado e o singelo homogêneos. 
Serei-me, oferto-me. Somos. E mais.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Blocos

A compleição existencial é homogênea e indissolúvel. Bom seria se fragmentássemos dores e frustrações em searas emocionais: que o desânimo profissional em nada interferisse na segurança afetiva, que a frustração animal, instintiva, não corrompesse o ciclo prático do amar em sociedade, que a impaciência não causasse dores lancinantes. Cada sofrimento deveria ter seu próprio núcleo, estando esse corrompido, bastaria uma quarentena ou legítima mutilação; o sistema emocional que nos envolve é complexo e terrivelmente engrenado. 
Pagamos, nós - os humanos, por um crime que nem existiu. 

Vieses

E pode o que leva trazer-me
Do farto muitos nadas 
Do cruel, pueris sorrisos
Do mel, intensas ferroadas.