quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Repeteco Filosófico

"Felizes (?) os ignorantes, sob a égide do não-conhecer." 
É possível considerar a pequenez existencial, em cuja desconhece-se a alegria de ampliar o próprio universo (interior e exterior), a que torna as pessoas afetiva e profissionalmente autômatas, como "felicidade"? 
É fácil satisfazer-se conhecendo pouco, mas entre satisfação e felicidade (que claro fique, e explicarei logo abaixo, que não creio na cabal) há léguas. 
A felicidade real é a fragmentada, de forma pobre podemos chamar "bons momentos" - e bons momentos são mais frequentes em mentes mais vazias. 
Em tempo: Deus me livre de ser feliz.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Bananeira

Poderia tudo ser mais justo, mais bem distribuído; não falo de igualdade - apenas gostaria que a aristocracia prática se baseasse na intelectual: que autômatos não fossem os vitoriosos, que a sociedade fosse membrada como um corpo humano: no topo, a mente. Que gente pequena e bajuladora não alcançasse bons cargos, bons salários; que graduados que nem ao menos falam (nem escrevem) corretamente não ostentassem eminentes diplomas em suas paredes, e queria muito que esses perdessem o sorriso assaz dentado que retrata a superioridade do inferior. Queria um governante à Nietzsche, um professor à Dostoiévski... A arte... Que bom seria se o etéreo fosse o mais valorizado, se os indignos fossem a minoria, que danças epiléticas evoluíssem a admirativas viagens paraplégicas - sentados, de olhos fechados.


Na impossibilidade do que supracitei, desejo algo menos possível ainda: não ser eu

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Mais que dois

Desabitar significados é arremedar a si próprio, é enlevar-se com o cinza.
Pertenças recíprocas (amor), sorrisos banguelas (família): eis o pão. 
O bicho e a gente em convergência, o sofisticado e o singelo homogêneos. 
Serei-me, oferto-me. Somos. E mais.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Blocos

A compleição existencial é homogênea e indissolúvel. Bom seria se fragmentássemos dores e frustrações em searas emocionais: que o desânimo profissional em nada interferisse na segurança afetiva, que a frustração animal, instintiva, não corrompesse o ciclo prático do amar em sociedade, que a impaciência não causasse dores lancinantes. Cada sofrimento deveria ter seu próprio núcleo, estando esse corrompido, bastaria uma quarentena ou legítima mutilação; o sistema emocional que nos envolve é complexo e terrivelmente engrenado. 
Pagamos, nós - os humanos, por um crime que nem existiu. 

Vieses

E pode o que leva trazer-me
Do farto muitos nadas 
Do cruel, pueris sorrisos
Do mel, intensas ferroadas.