terça-feira, 27 de novembro de 2012

Felizes Os Não Convidados

Parecia simples: sorrir ou chorar, aborrecer-se ou se alegrar. Mas elos hão de nascer ou, antes disso, perecer. Ou depois. Que seu ventre seja a chegada, da morte partiremos; viver é o que há entre o amor e o horror; entre a terra e a flor. A face enrugada por um sorriso é a mesma macia e lisa por um medo; do medo à loucura, valiosa, pura... Bons momentos são dissidentes que driblaram a guarda existencial, napoleões esquizofrênicos que sadicamente nos fazem vislumbrar uma utópica felicidade, a mesma santificada pelos tolos. Felizes por assim serem, e só por isso. E felizes. Há sabedoria em conhecer a onipresente infelicidade? É sábio o peixe que sobe a cachoeira? Tolos somos nós, que incapazes somos de sê-lo.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um Pouco de Melancolia

Vivi teu luto, dividi-a com a terra e agora tento, com carinho, não guardar o pouco de melhor que me dera. Precisei dar-te um corpo, etérea você me cercava, me envolvia... É, Paixão, vestindo-se de libido e despindo-se em lascívia fez de mim uma medíocre morada. Aceitar tua morte foi o mais duro e claudicante passo que eu dei; nos sonhos, onde você ainda vive, meu coração bate em quiálteras – diferentemente das longas semibreves que se arrastam quando desperto. Faz-me falta por tão ruim ter sido, dos prazeres não quero nem lembrar. Enfim, querida, sem fé ou alegrias, espero te não encontrar – seja num limbo, seja no mais macio pedaço do firmamento.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

De Dentro (A Ferrugem Educacional)

“Livros, jornais e internet já haviam me contado, teoricamente, o que venho aqui tratar.” Em uma tríade de meses conheci muitos lugares hostis, pessoas invejosas e toscas, histórias familiares que jamais deveriam ser escritas – conheci algumas escolas. Antes da ontologia educacional, concisamente, vou tratar de um número que serve de foto 3X4 da realidade “Al Qaeda” do ensino que oferecem aos vossos pequenos rebentos: todas as salas-de-aulas da rede municipal de ensino têm dois ventiladores , destes, menos de 5% funcionam. Agora, a parte “humana”(?): pessoas despreparadas, e não só tecnicamente, formam um enxame de abelhas-pombo que cagam na cabeça de seres que possuem criatividade incontestável – aniquilada pelo sistema corrosivo que é a educação em seu mais amplo sentido. Os sobas (diretores) também são inúteis, porém um pouco (bem pouco) melhor remunerados – mas os funcionários da educação, na maior parte, merecem o desrespeito e a má remuneração que recebem – e as crianças, muitas sem pai nem mãe, são Ferraris sem freio; sem contar a tendência “banditismo”, que está na moda e consideram bonito. E há o lixo cultural que é oferecido pelos professores, que, salvo exceções, não conhecem algo melhor. E os discursos inclusivos? Caro amigo, há alguma inclusão em matricular um aluno totalmente cego e deixá-lo dormindo sobre os braços durante todas as aulas? É um exemplo, apenas um, mas dos que mais me revoltaram. Na Finlândia, onde a educação é referência para o mundo, há o que chamam de “Exclusão Positiva” – dentro da sala de aula, junto aos colegas, há um pequeno grupo de crianças que possuem dificuldades especialmente acompanhado por professores especializados. E é claro que são mestres bem treinados que fazem de maneira que não marginaliza os diferentes, fazendo com que o respeito impere. E só uma nota: antes de entrar na faculdade, as crianças que participaram de todo o caminho escolar “especial” estão aptas e preparadas tanto quanto as que não viveram alguma dificuldade – concorrendo (e sendo) de igual para igual. Infelizmente, estamos para a Finlândia tanto quanto o lado direito está para o esquerdo. Confesso que por preguiça e mal-estar vou parando de escrever por aqui – mas haverá uma continuação. Com efeito, pensem bem antes de jogar sua prole numa creche minada camuflada de escola. Em tempo: há pessoas que valem a pena e trabalham com afinco e inteligência – procure por elas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A Bunda Pessoal e Intransferível

Os critérios são plenamente equivocados, mas, em essência, a “meritocracia” é sensata e justa. Como não existe nivelamento para talento, creio que é correto avaliar o empenho. Estava lendo sobre a celeuma de cotas para estudantes que saem do público ensino médio rumo à universidade – que idiotice. Ao invés de melhorar a qualidade do ensino “gratuito” e, assim, igualar as chances, fazem piorar o ensino universitário nivelando por baixo. Sem contar a “malandragem” de muito vagabundo burro - dá para imaginar o quão aproveitável serão as cotas para seres “água-de-salsicha”? A educação faliu, sabemos disso, mas há um porão no fundo do poço – sempre. Uma pessoa pobre que queira entrar numa boa universidade deve se empenhar muito, mérito que será aniquilado com a “justiça” cotista. Mas para não contar com hipóteses, é melhor, caso você ainda tenha uma bunda, sentar e estudar muito.