sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Protocolo

Com essa mania pela felicidade (que aliás é tola e concretamente falsa: se as pessoas exigissem a “felicidade plena” acima de qualquer coisa, todas viveriam drogadas), as pessoas acabam terceirizando sua própria vida para cumprir o protocolo do afeto. Explico.
É simples explicar o porquê de as redes sociais, principalmente as relacionadas a relacionamentos amorosos, expandirem-se de maneira avassaladora; toda pessoa que quer casar, mesmo sabendo que casamento é uma péssima, ter filhos (e amá-los) mesmo sabendo que é um trabalhão caro criar um ser humano, e cumprir demais protocolos está apenas desesperada pelo desejo de ser “normal”.
A receita é simples e o resultado é um bolo podre que iminentemente vai se esfarelar.
Vamos lá: Você encontra uma pessoa e, mesmo sem desejo algum, projeta sua vida nela. E é claro que nas primeiras semanas essa pessoa provará que é digna de ser para o “resto da vida”. Risadas.
Com o tempo ela se mostra na essência, com razão, pois ninguém aguenta um relacionamento “bonitinho” por muito tempo. Mas aí você já é dependente emocional desse ser, agora ele que é responsável por sua vida (e você pela dele), aí fica aquela “água de salsicha”, uma vida chata, sem espaço para a solidão tão necessária e cheia de guerras para provar quem manda. Mais risadas.
E quem é que manda??? Ninguém!!! “Por que no amor quem perde quase sempre ganha, veja só que coisa estranha, saia dessa se puder” - já dizia o genial Edu Lobo.
Há ainda, em casos mais extremos, os “sanguessugas” - que querem você presente, mas nada fazem pra merecer; roubam tua solidão, mas não lhe dão verdadeira companhia – ato condenado pelo grande filósofo "Nietzsche" – não te enxergam como pessoa, não te ajudam, não se preocupam. Querem um urso de pelúcia que faz sexo e leva café na cama.
Aconselho a leitura de "Quem me roubou de mim", de Fábio de Melo. Essas pessoas são os sequestradores de subjetividades – roubam você de você mesmo, afastando-te do que tem verdadeiro significado em sua vida.
Fica aqui um pouco de meu conhecimento adquirido pela leitura filosófica e mais ainda por minhas dezenas de experiências conjugais. Em especial, a última.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Espécies

Considero uma ignomínia a máxima “Somos todos iguais”.
Concordo que em essência o ser humano, qualquer um deles, é melancólico, carente, medroso e interesseiro, mas fora essas questões acerca do existencialismo existem pessoas inteligentes e também as vazias. Nada tão sonífero quanto um diálogo raso por falta de opção. Como diz uma pessoa por mim muito querida, precisamos de um tempo para amenidades, bobagens; mas são momentos específicos, como que para descansar a mente, uma conversa rasa por opção pode ser uma terapia. Mas voltando à realidade social, cultural e filosófica, pessoas ignorantes me cansam, principalmente as que ocupam altos cargos e formam discípulos à altura.
Pessoas rasas têm significados, ou horizonte de sentido, muito rasteiros. Me irrita a felicidade em que vivem tais pessoas, mas é sabido que só vivem a felicidade justamente por serem toscos e alienáveis; do contrário, saberiam que isso não existe. Não pensar é o único jeito de ser feliz.
O modismo (quase obrigação) de buscar a felicidade é o grande mal da atualidade – pessoas fingem, mais do que nunca, ser o que não são, pessoas buscam o que não lhes tem significado algum, pessoas se culpam por insucessos de que não fazem parte.
Não sou igual esse povo “retardado”, enxergo e assumo todo o sofrimento que é intrínseco ao ser humano, busco bons momentos de maneira operante. Minha esperança é operante, não aguardo graças divinas nem pago contas aqui pra receber após a morte. Em tempo: não acredito em nada disso.
Mas, encerrando meus pessimistas pensamentos (um dos meus filósofos prediletos – Schopenhauer – é considerado o mais pessimista de todos, portanto sou pessimista com muita honra), quero deixar claro que não quero ser feliz, já que isso é ser burro. Prefiro pensar e sofrer.
Não sou uma pedra, muito menos igual aos tolos.