quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ronco

Nas pestanas me encontro, dissido da realidade que cega-me ao surrealismo que nos emoldura. Devaneios de fato são os trabalho, concentração, equações exatas... Há espaço para mais de um universo em minha mente, mas não há nele como acomodar outra gêmea à minha. Aliás, pode ser que nada além dela exista. É bom saber que sem mim meu mundo não pulsa, vingo-me da insignificância que ele vive a esfregar em minha face, em minhas vísceras. Ser tudo e nada ao mesmo instante - é o que dá e tira qualquer sentido a nós, são sopros e tapas amiúde. De olhos fechados e respiração serena, tudo sou e tudo compreendo, até despertar; no aguardo do dia em que não despertarei. Eis, assim, a mim e o mundo livres um do outro.

Pentecostal Ortodoxa do Raciocínio Reacionário Abjeto

Há um lugar para ser infeliz, onde utopias de mundos perfeitos e sustentáveis (argh!) são destroçadas na iniciação; com base no axioma "O homem é mau e Deus, indiferente", garimparemos o mais puro otimismo, que é conhecer o fato de sermos uma experiência que deu errado e não passarmos de agonia antropomorfizada, de seres carregadores de seus próprios cadáveres nas costas. Todos terão de engolir a P.O.R.R.A. - a verdade cabal de que é a vida uma mentira absoluta, baseada na esquizofrenia coletiva, vai te invadir, te enlouquecer de sanidade. Bem vindos. Apóstolo Rodrigo Marucco.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Deleite

São meus sonhos, quando desperto, tão ou mais surreais; meus velados desejos os mais explícitos em meus atos. Ou o avesso disso tudo. Saber-me incompleto cabal, enxergar a plenitude na insignificância - eis tesão em não haver diferenças entre mim, entre todos nós e a mosca que orbita o que já digeri. Que paz, sem mim ou sem qualquer um a Vida é a mesma; até mesmo sem vida. Existências que realmente usufruem a nossa cabem em uma das mãos - e elas se vão. E ela, ou Ela, nem debocha. Equânime, dou sentido a cada insignificante minuto de minha estada, só eu o posso - por mais supérflua que esta seja aos olhos da Vida.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Novela

"E querendo que o mundo acompanhe tua vida, nem mesmo você a acompanha." Fotografias são ferramentas extraordinárias, imortalizam pessoas e momentos queridos. Mas um doentio exagero tomou conta dos "instagramers". Brincar de fotógrafo é muito divertido, mais ainda podendo publicar as imagens para que os amigos vejam - mas quando o número de fotos é maior que o de minutos vividos na ocasião (passeios, festas, etc.), já deixou de ser salutar, não? Claro que essa equação é de um número exagerado (nem sempre), mas o fato é que as pessoas estão trocando a vida real e suas delícias pelo personagem, geralmente feliz, que interpretam. Esquizofrenia digital - já pegou.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Incompatibilidade

És o mais belo esboço de um amor, nada mais. O Quase é onipresente em nossos encontros; e a Paz, nos desencontros. Irônico, o Acaso debocha, fecunda a saudade quando próximos e o contentamento só de longe. O vil milagre de não seres quem és torna-te uma mentira - coalha qualquer esperança que flua. Não deixes de não ser você, assim prefiro-te distante.