quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

So-ne-to

Agora, respeito qualquer dos meus sentimentos
Quero dormir com o medo, oscular meus receios
Saudade carnal tenho da angústia, ah, angústia...
Visto-me de preguiça para suportar a labuta

Acalento meus vícios, os quero bem tratados
Cantarolo o meu ódio em sublimes quiálteras
Divido o mundo graças ao meu onipresente ciúme
Tomo-o de volta respeitando minha generosidade

Conto miríades de minutos para ser enganado
Banho-me num oceano etílico para voltar à sobriedade
Purifico meus pulmões com seguidos charutos

Sim, frio. Temo a ressaca de um bom enredo
Preciso de arrogância para ser respeitoso
Dou agora o gole final do meu leite azedo

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Matéria Prima

Acabo de conversar com meu filho de três anos ao telefone, lembrei-me do grande filósofo e padre Fábio de Melo relatando uma experiência ocorrida em sua infância.
Ele contou, num bate papo gostoso com seu amigo Gabriel Chalita, que desde muito cedo ele adora cantar (cá entre nós, ele canta muito mal – mas algumas pessoas ilustres podem cantar mal e agradar até a músicos profissionais, como esse que vos escreve), e, certa feita, passara uma noite inteira ensaiando para uma apresentação que faria em sua escola. Bom, o fato ocorrido foi que com os atrasos de praxe em qualquer evento escolar ele acabou não se apresentando, frustrando-se e só nos dias de hoje, na idade adulta, percebe a importância que isso teve em sua vida, ou seja: ele faz questão de que prestemos atenção e levemos a sério os sentimentos dos menores, que, apesar de parecer o contrário, nem sempre são lúdicos. Comparo uma decepção infantil com uma dor de amor, de separação. Para quem sofre, essa é a maior dor do mundo, e com razão, carregamos um mundo dentro de nós a que chamamos de subjetividade, e pra esse ser o mundo está escuro, mudo, sem cheiro. Respeitemos a dor alheia. Atenção (não demagoga, mas real) é requisito básico na formação e educação de uma criança. Não se engane, elas tem seus sentimentos e eles são muito sérios, assim como tem suas maldades e são sérias, também. Uma criança já é um ser, com um universo de pensamentos limitado, mas de sentimentos tão grande ou maior que o nosso.
Você presta atenção à atenção que desprende a seu filho? Vou dar um exemplo:
Crianças adoram trabalhar e sentirem-se úteis, na cozinha e na faxina “molhada” principalmente. Pense comigo: você está na cozinha, a criança está doida pra te ajudar nos preparativos do almoço (é verdade que atrapalham bastante, mas educar não é fácil) e você no mesmo refrão de sempre diz “vá ver desenho na sala”. Ela vai triste e sentindo-se fracassada para sua sessão animada. Passam-se uns 12 anos e você pede pra essa mesma criança te ajudar com a louça, ela diz que está ocupada vendo desenhos. Você, com um novo refrão, diz “não presta pra nada essa peste”. É justo?
Esse é um entre bilhões de exemplos com quais podemos ilustrar nossas falhas pedagógicas, não se culpe, por isso existem os profissionais pra nos auxiliarem. Recomendo Içami Tiba. Na filosofia estuda-se a subjetividade primária, essa de quando temos poucas experiências, chamada de “ser original”. Fatores externos o transformarão no ser cotidiano, no ser contemporâneo. A família deve permitir bons fatores externos pra que se molde um ser belo, uma alma limpa e sem cicatrizes. Antes de recomendar livros, programas de TV ou qualquer coisa do tipo, peço apenas atenção (e respeito mútuo) aos sentimentos de qualquer ser, por mais inocente que pareça. Agora, gostaria de recomendar o livro “Quem ama educa”, do grande educador Içami Tiba. Leiam o livro, mas interpretem a vida.

Minto, logo existo.

Diga sempre a verdade e acabará preso ou morto. É hipocrisia (e brega) vangloriar-se de falsas virtudes.
Se você se considera bom por dizer somente o que é verdade, eu te considero burro e arrogante.
Mas, na verdade, você não existe, portanto não falarei mais sozinho.
A verdade absoluta é moldada às nossas necessidades cotidianas, e só nossas mentiras nos são justificáveis, pensemos nisso.
Não vamos dizer às nossas mulheres que após horas de secador seus cabelos ficaram sem graça, vamos? Primeiro por que somos cavalheiros, depois, por que não somos loucos.
Não apoio a mentira, mas não sou sonso a ponto de dizer que não preciso dela, ou melhor: que o mundo sobreviveria sem ela. Poupar alguém, pelo menos estrategicamente, que está num péssimo momento não é imoral, é um ato solidário. Quando falo de estratégia, falo em ganhar tempo, pensar numa maneira sutil e pedagógica de contar uma verdade.
Enganar alguém é vil, mas mentir pode ser generoso.
E quanto as nossas taras? Diremos a um amigo que desejamos ardentemente sua mulher ou que deliramos por sua filha? Diremos às nossas mulheres que queríamos ela com aquela bela amiga juntas por uma noite? Você vai contar pro seu filho que Papai Noel não existe? Eu não, alguém conte para meu querido herdeiro, o Johan, quando for a hora.
Imaginem quantas guerras se travariam se todos os governantes fossem sinceros o tempo todo.
Não defendo um mundo de mentiras, só quero um mundo sincero, e pra ser sincero é preciso assumir que mentimos e que vamos mentir muito. Sem hipocrisia (escrevo muito essa palavra justamente por que a odeio). Bom, se você leu esse texto, tenha certeza de que quase tudo é verdade.

Gozo

Ainda em pé, beije-a sutilmente, termine cada beijo com uma leve mordidinha no lábio inferior. Segure seu rosto delicadamente com as duas mãos e escorregue paulatinamente uma delas para a nuca, a outra deixe despencar até a cintura, acaricie essa cintura. Segure os cabelos de baixo para cima e cheire seu pescoço. Comece a beijá-lo... Diga o quanto a deseja sussurrando em seu ouvido. Encoste na parede encostando-a em você, passeie com as mão sobre seu ventre, arrisque os seios. Tire tua blusa, ela vai tirar a dela ou esperar ardentemente que você a tire. Acaricie seus seios, vire-a de frente pra você, beije seus pescoço e ombro, curve-se e molhe os seios. Volte com força para a sua boca, perca todo o seu ar num sufocante beijo, pegue-a no colo carregando-a até a cama. Deixe-a apenas de lingerie, vire-a delicadamente de bruços, beije seus ombros e massageie-os levemente. Passe tua mão como um lenço pela espinha dorsal e depois desça tua boca à altura da cintura. Brinque à vontade com sua língua, deixando breves beijos pelo bumbum. Desvire-a.
Suba com tua boca, de novo, até seus seios, alterne beijos macios e violentos entre boca e coração. Beije seu ventre, segure forte sua cintura, invada delicadamente o que a lingerie esconde com beijos leves, porém seguros. Não fuja de teus medos, concentre-se neles e mais se excite. Tire a tua calça, mostre fisicamente teu desejo, passe teu corpo todo por todo o corpo dela beijando-a sempre. Tire sua calcinha, feche os olhos e passeie teu olfato por todo o sexo dela, ainda de olhos fechados, comece a beijá-lo.
Não se controle, agora você é bicho. Peça pra ela te ajudar com uma das mãos, mostrando-te assim o que a faz sussurrar, siga a mão dela com a língua. Tire tua cueca, rasteje teu tronco dos pés à boca dela, beije-a e penetre-a. Diga novamente o quanto a deseja, movimente-se com força, ouça seus sussurros, lembre-se que é você quem os provoca, infle teu ego e liberte o que há de libido em você. Vire-a de bruços novamente, penetre-a sutilmente, puxe sua cintura para que ela vá se posicionando em quatro apoios. Segure seus cabelos... Saia dela e perceba-a se deitar, agora deite e puxe-a para cima de você. Agora é a vez dela se movimentar, faça de tudo para deixá-la livre e confiante, se você a amar naquele segundo, diga isso à ela. Ela vai começar a tremer e sussurrar mais intensamente, seus movimentos irão ficar mais bruscos, mais intensos. Você vai sentir algumas unhadas... Ela vai se contrair e desabar sobre você. Se você chegou ao êxtase entre seus tremores e unhadas, ambos sentirão que logo estarão juntos novamente, se chegou antes, depois ou não chegou, sentirá o mesmo. Vocês foram muito bem. Parabéns.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Matrix?

Essa frenética busca pela felicidade em que vive hoje o ser humano é a grande causadora das angústias e frustrações existenciais.
Dietas específicas, consumo sustentável, reciclagem e demais modismos são o retrato da fuga dessa insignificância que representamos. Não, amigo, não acho que não devemos melhorar o que podemos, apenas é preciso ter consciência de que podemos muito pouco. Assumir e encarar frustrações e demais sentimentos “ruins” é a melhor forma de manter a mente sã, ou seja, seu cérebro (pensamentos) funcionando.
Não há como dividir-nos em corpo e alma, podemos ser um acidente da matéria, de repente nem era pra existirmos. Pode ser que nossa vida não faça sentido algum. Você é capaz de encarar isso? Pois é, é difícil. Por isso a necessidade de crenças tolas e modismos. Pensar faz as pessoas mais infelizes, é fato. A classe artística se alimenta de solidão e fracassos, mas solidão e fracassos que vêm de pensamentos próprios, esses que são os verdadeiramente inteligentes (tenho o apoio de Schopenhauer nessa questão). Eu prefiro assim. Deixe-me fazer uma digressão: Empiricamente, eu acredito que há um Deus criador de tudo e que somos detentores de uma alma (na verdade somos uma alma detentora de um corpo), mas também acredito piamente que depois da criação o problema é todo nosso, Deus não quer saber de blá, blá, blá. Voltemos ao sofrimento dos pensantes.
Aceitar nossa insignificância, mesmo que pareça assaz triste, é a melhor maneira de aceitarmos a vida e suas inexatidões. É preciso de fé, mas não conte com o destino nem com uma mãozinha de Deus para se sentir feliz (quis exatamente dizer “sentir” ao invés de “ser”), seja você para isso. Se tentarmos nos enganar com uma falsa felicidade, aí sim, certa hora a realidade nos pega como numa tocaia: bruscamente, sem dó.
O ser humano inventa de tudo pra justificar sua existência, mas é só pensar um pouco para chegar à conclusão de que isso é impossível.
Sobre esse assunto, recomendo “Contra um mundo melhor” de Luiz Felipe Pondé, que na verdade mostra o desprezo que o autor tem com um mundo que engana a si mesmo.
Esse mundo melhor de que somos contra é o mundo da hipocrisia e da ignorância, um mundo que, infelizmente, até mesmo nas universidades vem sendo criado. Não deixe que moldem você, se preciso, leia menos e pense mais. Erudição para um ser humano muitas vezes se assemelha à uma coalheira a um cavalo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Desatado

Era apenas mais um início de noite.
Ela chegou como quem chega ao paraíso, sorria feito criança, divertia-se e divertia-me com pitadas sensuais de humor. Sacou uma garrafa de vinho do banco de trás e oficializou uma paixão que já me era certa. Logo após ir embora deixou uma mensagem em meu telefone, essa dizia o quanto era impossível não gostar de mim. Estava de frente à pessoa da minha vida. Quimera...
O monstro logo emergiu, mostrando que o segredo para se encontrar um amor é não procurá-lo, as trilhas até ele devem vir em sentido contrário, trazendo ele até você, mantendo-te seguro em teu ninho e não exposto às mentiras ilusórias que a vida faz questão de nos contar. Se existe "alguém" que é austeramente sincero conosco, esse alguém é o cotidiano: quanto mais intenso, mais breve mostrará se é com o inimigo que você dorme. Ele te mostra toda a sujeira escondida debaixo do tapete. Arrogância, traições (carnais ou de confiança), histórico doentio de afeto por pessoas comprometidas, incompatibilidade universal de gênio e o pior: falta de alegria.
Santo anticoncepcional...

sábado, 22 de janeiro de 2011

Em nome do bicho

“Quanto mais eu conheço o homem, mais eu gosto de bicho”.
Parto dessa frase para tentar explicar, inclusive para mim, os excessos de mimo para com seres irracionais.
É meio óbvia a frustração intrínseca a essas pessoas que chegam a considerarem-se agnadas a tais animais. Antes de me expressar quero deixar claro que adoro o convívio com esses maravilhosos seres.
Preciso dizer também que acho o tratamento no “diminutivo” um dos principais traços da falsidade. Bom, vamos lá. Conheço diversas histórias de pessoas que “morreriam” por seu cão e que passavam noites em claro quando o coitado tinha uma dor de barriga ou qualquer outra patologia, mas ao receber uma visitinha da cegonha passaram simplesmente a “odiá-lo” por um simples latido que possa acordar o bebê ou, pior, acordar a elas próprias num de seus raros momentos de descanso maternal ou paternal. Essas pessoas cancelavam viagens que não acolhiam seu cão de maneira “adequada”(vale dizer que o adequado aqui é um grande sintoma de retardamento mental) e conversavam com eles no diminutivo, agora, quando não odeiam, desprezam. Acho muito hipócrita essa forma de tratá-los, esse carinho brota da solidão e nada mais é que um “remédio” para a frustração de não ter um parceiro legal e/ou um descendente. É verdade que o cão se acostuma muito com seu estilo de vida e sofre muito depois com qualquer mudança, principalmente as extremas que saem do amor e estacionam (permanentemente) no ódio.
E, além de tudo, é burrice mimar um bicho ao ponto de ele te envergonhar em casa ou motivar olhares tortos a você numa praia, por exemplo.
Adoro assistir um filme acariciando meu Pit Bull, mas ele sabe que vai para sua casa depois e por isso aproveita os momentos ao meu lado e vai feliz para seu “lar”, esperando a próxima sessão. É muito mais louvável você manter, sempre, o tratamento que você é capaz de desprender, sem altos e baixos, com carinho e não “hipocrisia”, mesmo que essa seja inconsciente.
Não se julgue bom por bajular os bichinhos, isso não quer dizer nada. Há várias maneiras de ser realmente bom com os animais, invente uma.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Síndrome da Classe Média

A alta classe tem suas frustrações, suas infinitas nominações para suas depressões e a cruel dúvida que assola quem não sabe se é querido ou apenas bajulado por interesses diretos.
Bom, mas não é dessa classe que quero falar.
A classe média é o maior deserto em que alguém pode viver, vou tentar me explicar.
Nós, seres financeiramente medianos, carregamos a imensa cruz do “conhecer”. Dominamos a cultura gastronômica, conhecemos a “nata” da música, conhecemos bons vinhos (e os adoramos), boas cervejas, sabemos qual seria uma viagem inesquecível... E se não sabemos de algo, temos netbooks e modens 3G que rapidamente nos capacitam como “mestres do assunto” em qualquer banheiro. Bom, sabemos bastante, lemos ao som de música erudita, sabemos que um show da Diana Krall é maravilhoso, mas falta o simples detalhe do dinheiro pra usufruir.
Não digo que a classe média é a mais triste (se bem que é bem provável que seja), mas é, com certeza a mais frustrada.
Pessoas pobres que nunca voaram de avião ou nunca dirigiram um carro confortável são felizes com suas viagens de fim de ano (de ônibus lotado com um monte de tranqueiras) para Ubatuba. E esperam ansiosamente por elas. Mulheres lindas se casam com uns caras “estranhos” por que seu bairro é seu mundo, É o galã da globo na TV e seu marido na vida real. Veem alegria em empurrar seu carro “antigo” pelo simples fato de ter um carro. Acham caviar “feio e nojento”.
Eu sei bem o que sofro com essa “síndrome da classe média”, a música me proporcionou viagens confortáveis pelos céus de grande parte do Brasil, pousadas em hotéis luxuosos, conversas “cabeça” com gente importante, mãos dadas com mulheres lindíssimas e muita cultura em geral, mas nunca por minha própria conta (com exceção das mulheres lindíssimas). Hoje, no meu trabalho, convivo com pessoas de todos os tipos físicos e culturais, e de vários tipos de “poderes aquisitivos” (eufemismo para “grana”), mas é engano achar que os mais ricos são mais cultos, mas isso é pra outra postagem. Pessoas pobres são felizes com muito pouco, e não sei dizer se isso é qualidade ou resignação. Não sei mesmo.
Quero que fique claro que não estou depreciando ninguém, não sou melhor que as pessoas que trabalham comigo, sou mais culto, e só.
Ninguém imagina sobre os ambientes que vivi, pessoas que conheci, artistas com quem discuti... Não gosto de contar essas histórias “fantásticas” (é, vão soar como fantásticas). Sou um “camaleão cultural”, me adapto ao ambiente.
Bom, sem mais delongas gostaria de terminar esse texto com uma frase que ouço minha mãe repetir dia a dia: “Deus dá a farinha e o Diabo carrega o saco".

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Guerra Sexual

Ouvi dizer que estão preparando o "remake" da novela "Guerra dos Sexos", com certeza tratarão o assunto de forma caricata e banal. Mas não seria uma ótima oportunidade de fazer um trabalho de qualidade e conteúdo? Creio que hoje, mais do que qualquer outra época, vivemos essa interminável tolice.

O feminismo austero chega a ser violento e ridículo, assim como o machismo ultrapassado. O fato é que as "feministas de carteirinha" odeiam os homens, e com isso odeiam casamentos, odeiam mulheres bonitas e odeiam, principalmente, mulheres que ficam bonitas para os homens. Como diz Luiz Felipe Pondé, são essas mulheres que um dia vão disputar nosso Prestobarba com a gente. O problema é que essas desvairadas fazem, de uma maneira ou de outra, com que as mulheres se sintam culpadas por serem mulheres. Coisa de doido. Nenhum gênero é superior ao outro, nenhum gênero deve dominar o outro, nenhum gênero deve ganhar mais que o outro, mas cada um tem seu papel, e seu papel é do lado do outro. É muito complexa essa relação, por exemplo: as mulheres, mesmo independentes, querem que cuidemos delas, querem que paguemos a conta (não adianta dizer que não), querem nossos presentes... Não há problema nisso, o problema é que qualquer favor ou pedido que façamos soa como "absurdo". Minha última namorada (essa foi "punk"), bem sucedida, bonita, semirrealizada (só não era mais por que não queria) quase teve um "AVC" por que, certa feita, eu estando ao telefone pedi pra ela pegar uma água para mim na sorveteria em que estávamos. Socorro!!! Era só uma gentileza. Cadê o "tempo de delicadeza", como escreveu o grande "Chico Buarque"? Nós não gostamos de mulheres submissas, admiramos mulheres competentes e inteligentes (com exceções de uns "ogros" que existem por aí). O amor pode e deve ser uma troca de gentilezas, e é fato: precisamos um do outro. "É impossível ser feliz sozinho", não é, Tom? Queria muito (e sei que vou) encontrar uma companheira que me complete, não quero ser sozinho. Nossos filhos crescem, nossos cães morrem, nossos "brinquedos" ficam velhos e perdem a graça. O que fica é a história escrita à duas mãos, dois corações... Pra sentirem-se "fortes e independentes" as mulheres se fazem tristes. Ninguém é independente de coisa nenhuma, ter seu próprio ganha pão é apenas ter seu próprio ganha pão. Eu dependo de alguém pra me realizar e alguém depende de mim. Mesmo que seja cíclico. A sabia igreja católica, que é distorcida por diversos interesses, sempre nos levou a formar "uma só carne". Isso é lindo. Isso quer dizer que nos completamos, e é fato que só nos sentimos inteiros com alguém ao nosso lado. Não quero que se apague todo o histórico de sofrimentos e humilhações que homens retrógrados causaram às mulheres, mas esses homens foram substituídos por mulheres que, tentando ser modernas, andam mais para trás do que paulista sambando.
Precisamos um do outro. Não vai me dizer que a Natureza errou, vai?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ecos...

Acho "engraçada" a imponência com a qual alguns tratam o fato de lerem "em série".
"Devem pensar muito pouco para lerem tanto" - dizia Schopenhauer sobre esses leitores desalmados. É como um bebê sendo amamentado pelo mesmo bife (não digerido) com o qual sua mãe se alimentou.
Explico: Que hoje vivemos o tempo da informação ninguém discorda, mas informações não instruem ninguém se não forem "filtradas e digeridas", se não forem pensadas. Informação nada mais é que um meio para a instrução. Adoro quando "perco" um bom tempo lendo e, ao fechar o livro, percebo que não imagino do que falavam as tantas linhas "observadas". Bom, vou reler com certeza, mas é disso que estou falando: é preciso de paixão e concentração para absorver o melhor de uma obra. Se você está apenas desejando aumentar o seu número de livros lidos, vai é perder tempo e ganhar uma baita dor de cabeça.
Gosto de ler livros que se "conflitam", assim preciso pensar mais.
Cedo ou tarde você vai achar que, no fundo, os grandes pensadores (eruditos ou contemporâneos a você) acabam se entendendo. De duas uma: Ou você está conseguindo ver tudo com teus próprios olhos ou você ficou louco.
Eu gosto de ler um pouco e escrever alguns ensaios, claro que não os publicarei, mas saibam que escrevo. Essa fórmula tem dado certo, pelo menos pensando bastante eu estou. Não é novidade para seres pensante que pensar é anexo a sofrer, mas prefiro assim.
Boa leitura a todos que leem com paixão, e para os que leem por ler, boa dor de cabeça.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Adeus...

Olhares castradores costuravam meu lábios, desagradar-te era meu medo. Fiz da tua vida a minha, feito células minhas horas se multiplicavam mesmo sendo divididas.
Tornei-me, em alguns momentos, sério, percebi cedo que meu humor não era das principais razões por querer-me por perto. Aliás, além de sua corrosiva carência, não mais sei um motivo dessa tentativa de roubar-me de mim, fazendo de "tudo" o mínimo que se espera.
Desagradar-te era meu medo.
Após vencer dragões nas minhas batalhas diárias, apenas esperava as honra e glória de teu carinho, esse que nem cheguei a conhecer. Meus rei e rainha perderam um fiél súdito, passei a subordinar-me aos teus. Viajei léguas e mais léguas acompanhando tua vontade de unir tuas raízes mais minha presença. Achei-me bem sucedido nesse enredo, mas logo mostrou-me que "tudo" não era o suficiente. Salgadas lágrimas terminaram de cicatrizar minha alma, o reflexo de meu rosto espiritual no espelho obrigou-me a ser drástico, minha essência desfigurada não mais permitia resignação. De tudo que amo vieram minhas forças, de tudo que quero veio-me a coragem. O golpe final não lhe dei, venci e dei-lhe as costas.
Amputei-me você, não tenho mais medo.

Uma dose de Schopenhauer.

"Na verdade, só existe prazer no uso e no sentimento das próprias forças, e a maior dor é a reconhecida falta de forças onde elas seriam necessárias".

Arthur Schopenhauer

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sou anjo e demônio, assim como você.

Sim, estou falando de mim mesmo: Rodrigo Marucco, solteiro, nascido em Lorena-SP, 32 anos, pianista, blá, blá, blá...
Quero falar do horror que tenho por pessoas "virtuosas". Ser bom é fácil, basta saber mentir bem não se importar com mais ninguém. Erroneamente as pessoas consideram (ou fingem isso) o "não faço" uma virtude. "Eu não fumo", "eu não traio", "eu não chuto cachorro na rua", "eu não bebo". Para mim (e mais alguns) só se é bom sendo operante. E, principalmente, só se é bom tropeçando e assumindo-se imperfeito. Deus me livre dessas pessoas que enganam a si mesmas. Li nesses dias uma frase de Pondé que dizia "Se você apenas mente, você é hipócrita; se você acredita em suas falsas virtudes, você é brega". Perfeito, mas sem a licença do autor troco brega por "burro" e/ou "ruim". É muito engraçado a maneira "espelhada" com que tratamos os "vícios", quanto mais o desvio de outra pessoa é semelhante ao nosso, mas nós abominamos e desprezamos esse coitado. Isso não é burrice? Se conhecemos tão bem um sentimento, deveríamos ser os primeiros a entendê-lo, não? Mas o ponto é exatamente esse: a hipocrisia nos faz burros. Sem assumir nossas taras, frustrações, invejas, raivas e demais "desvios" não temos como saber quem somos, não temos como moldar nosso próprio caráter.
Tudo bem, você é bonzinho e ,por exemplo, nunca destrata ninguém. Legal. Mas me diga, você ao encontrar com uma pessoa que aparentemente nada tem a lhe acrescentar e essa pessoa consome seu tempo (poucos minutos viram dias nessas horas) e sua paciência, não sentiu suas tripas enforcando seu pulmões e o ódio arrepiando todos os pelos que cobrem tua coluna vertebral de tanto que gostaria de mandá-la pra um lugar nada cheiroso? Mas não o fez por ser "bonzinho". Não! Você não fez por que é covarde como eu e como o resto do mundo (pelo menos os normais). Não digo que devemos sair por aí gritando com todo mundo, o que quero dizer é que devemos assumir nossas imperfeições e não sentir tanta culpa por portarmos sentimentos "não nobres". Viver em sociedade requer uma disciplina extremamente mentirosa, e ninguém é mais enganado por você do que você mesmo. Perdoem-me os fanáticos (na verdade não faço questão desse perdão), mas já reparou que os que mais "rezam" são os que menos fazem? Bom, essa eu respondo com psicologia de maternal I: Quem deve teme. Risadas. Desculpe, não é tão superficial assim, mas não queria perder a "piada de impacto".
Para mim, rezar é você contemplar um rosto de criança sorrindo, é você dar uma surra (de preferência verbal) em alguém que judiou de um bichinho indefeso, é você colocar em prática algo que você acha correto e justo.
Pensar é sofrer, meu amigo, mas é melhor sofrer sendo gente do que sorrir sendo uma pedra burra. Conhece essa, não?
Acho muito estranha a maneira como condenamos o interesse das pessoas, fale-me sobre uma ação sua totalmente desinteressada. Algum interesse sempre é intrínseco à uma ação, pode não ser um intersse material, mas que há, há. Querer reconhecimento é interesse, assim como querer sentir-se bem. Entendam-me bem: não digo que não se deva fazer gentilezas, apenas digo que não devemos nos culpar por um dos sentimentos mais básicos do ser humano, o interesse de qual falei. Se você conhece uma pessoa cem por cento autruísta, cuidado! Um dia ela pega uma metralhadora e mata todo mundo dentro do cinema.
O que quero deixar de bom com tudo isso que falei (com o interesse de ser considerado "inteligente") é um pedido de tolerância. Tolerância é uma palavra perigosa, pode ser interpretada como "omissão" ou "aceitação". Não condene com tanto afinco os assassinos, você já quis matar seu irmão, sua mãe ou alguém que se deu melhor que você. Não condene com tanto afinco os viciados, você se experimentar "um pega" num momento de desilusão pode tornar-se um deles. Não condene com tanto afinco seus defeitos, você é você e um dia vai saber disso.
Pra não ser marginalizado (viu? Tenho o interesse de ser bem entendido) vou trocar em miúdos: O que quero com essa aceitação toda não é fazer apologia a sentimentos negativos, na verdade só quero conhecê-los para saber lidar com os mesmos. Para saber guardá-los na pasta certa em minha alma. Deus existe e conhece-nos muito bem, e pra fechar com Luiz Felipe Pondé: "Ele está de bode com gente boazinha demais".

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Antídoto.

"A maneira como as pessoas nos tratam passa, inevitavelmente, por nossa autorização."
Pe. Fábio de Melo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Altruísmo nas relações amorosas?

Confesso que acreditava que qualquer casal, cedo ou tarde, iniciaria sua guerra que, como qualquer outra, é motivada por disputas de "poder", nesses casos o poder de ser o dono da "razão". Mas depois de ler "Quem me roubou de mim...", de "Fábio de Melo", percebi que ao defendermos nossa subjetividade geramos ações gentis de quem realmente nos quer bem. Em muitos casos um dos "lados" se desdobra para fazer-se presente e suprir a ausência de carinho que o outro "lado" vivencia. O perigo está na falta de reconhecimento e na falta de reciprocidade: o amor não é autruísta, gentileza que gera gentileza, nesses casos, exige um "tréplica". Um grande erro, talvez o maior, é abrirmos mão de nossa essência, é moldarmo-nos de acordo com o que o parceiro deseja. Não, não há problema em fazer pequenos sacrifícios para ver quem você ama feliz, mas como qualquer ser "normal", você espera, no mínimo, reconhecimento. A maravilha em um relacionamento está em, com algum tempo passado, você não se arrepender de sacrifícios feitos.
Filosofemos um pouco: muitos dizem que o segredo está no equilíbrio. Não discordo. Mas onde é o ponto de equilíbrio? No centro? Também não discordo. Então é simples: fiquemos no meio termo e tudo dará certo. Não!!! De jeito nenhum. "Osho" diz que "se você está sempre à direita, está errado; se você está sempre a esquerda, está errado; se você está sempre no meio, está morto." Pra tornarmo-nos pessoas equilibradas, antes de tudo, precisamos conhecermo-nos, para isso precisamos estar em constante viagem entre nossos extremos. Não é nada funcional querer ser quem não é, você estará triste mesmo quando achar que está feliz. Essa auto-alienação pode ser fatal pra sua subjetividade, e se sua subjetividade morre, seu relacionamento é enterrado junto.
Trocando em miúdos - não aceite migalhas. Ofenda-se com o que te ofende, alegre-se com o que te alegra, lute por sua justiça. Só depois disso você saberá ceder sem derrotismo. E ceder nem sempre é o correto, muitas vezes você acha que está com a razão e está!!! Certos sentimentos fazem-nos sentir culpados por estarmos certos. esse é o trunfo do sequestrador de subjetividades, aquele que quer tudo de você e pouco (ou nada) lhe dá.
Se ambos alcançam essa sabedoria e a colocam em prática, não haverá disputas. Haverá respeito e troca de gentilezas. O amor não é altruísta: o que se faz, no mínimo, espera-se como retribuição.

Não existe música ruim.

Não, eu não estou defendendo essas "aberrações" que nos acompanham principalmente em épocas de festa, apenas distinguo música dessas formas barulhentas de entretenimento. Não te condeno se você gosta de requebrar ou beber muito ao som dessas lambanças, apenas considero isso um prazer momentâneo, bem parecido com o que sentimos se usarmos alguma droga, nada acrescentará em tua vida. Um breve momento de alienação pode ser confundido com felicidade. Concordo com os que dizem que há hora pra tudo, apenas acho que podemos sentir prazer e crescer simultaneamente. Já bebi e dancei ao som do "Créu" e, provavelmente, farei algo parecido no Carnaval, mas pelo menos estou ciente de que isso só vai me alegrar no exato momento em que estiver acontecendo.
Ouvir "Chico Buarque", por exemplo, não vai ser tão "divertido" como rebolar o "Tchan", mas será muito mais intenso e pedagógico. A Música tem um poder libertador, digo até mesmo salvador. É capaz de transformar ambientes, melhorar humores, aumentar a fé...
Quem consegue não acreditar em Deus a ouvir "Johan Sebastian Bach"? E, vale dizer, que sentimo-nos ao lado d'Ele sem ter ouvido uma só palavra, apenas ouve-se uma linda história contada por melodias e harmonias que de tão belas fazem-nos seres humanos bem parecidos com os que o Pai projetou. É preciso muito talento para compor uma música, mas não menos para ouvir e deixar essa arte te levar ao encontro de si próprio.
Não sou pateta e inflexível a ponto de achar que não precisamos desses "requebras", para o esporte, por exemplo - muitas pessoas não toleram a monotonia de um treino de musculação, mas "derretem-se" numa aula de "Axé". É muito desanimador correr ao som de "Fotografia", de "Tom Jobim", posso falar por que já o fiz. Gostaria de dizer que mesmo nesse universo de sons pobres existem alguns mais interessantes e agradáveis. Música só é música se contar uma história por uma melodia, e se isso acontece, pouco importa o rótulo ou o ritmo que lhe é dada. Ela já tocou sua alma. Faça um teste: cantarole lentamente a melodia de "Atirei o pau no gato". Fez? Não lhe arrepiou? Tenho certeza que sim. Tanto faz se for ao som de uma guitarra extremamente distorcida, ou em um violino "Stradivarius", uma bela melodia será sempre uma boa música.
Vou encerrando por aqui, se você me achou contraditório, leia de novo esse texto. E não se esqueça de comprar um fone de ouvido, seu gosto musical é pessoal e intransfirível.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Recomendando livros e escritores.

Bom, alguns livros que li recentemente fizeram-me tanto bem que resolvi recomendá-los. Começando pelo bem de eu ter começado a escrever esse blog.
Estou experimentando receitas um tanto quanto exóticas (imaginem um bolo com uva, feijão, ovos, requeijão, morango, leite condensado e fermento), O que tenho na minha dispensa são Luiz Felipe Pondé, Padre Fábio de Melo, Luis Fernando Veríssimo, Osho, Norman Vincent Peale, Sócrates, Chico Buarque e muitos outros.
Espero que esse blog seja como um daqueles bolos sofisticados, com receitas "estranhas", mas deliciosos.
Gostaria primeiro de indicar os textos de Luiz Felipe Pondé, que saem no caderno "Ilustrada" da "Folha de São Paulo", todas as segundas. Falei um pouco dele no meu último post.
Agora, gostaria de indicar alguns livros:
"Quem me roubou de mim..." Padre Fábio de Melo, com sua sabedoria nada hipócrita e muito humana, trata do cuidado que devemos ter com nossa subjetividade. Alguns relacionamentos, arrisco-me a dizer que a maioria, são verdadeiros calabouços, verdadeiros cativeiros. O amor deve ser libertador, ele ensina um pouco desse caminho.
"Quando o sofrimento bater à sua porta" O mesmo Padre Fábio trata da difícil arte da resiliência. A dor nunca é bem vinda, mas pode ser proveitosa e útil. Ele conta algumas histórias de superação e bondade, inclusive envolvendo sua família, que tem como matriarca a querida "Dona Ana", que esse fabuloso escritor considera seu maior livro.
"O livro da sua vida" Osho fala sobre o equilíbrio com o qual devemos viver, mas não de forma superficial. Usa bastante metáforas e é uma boa dica para quem quer saber um pouco sobre as culturas oriental e ocidental.

A partir de hoje, algumas vezes por semana recomendarei alguns livros. Experimentem, me fizeram muito bem.

Em defesa de Pondé.

Embora esse tão admirado, por mim, escritor não precise que eu o defenda, farei-o por que hoje resolvi dar atenção a alguns comentários tecidos após seus textos.
Acho que, assim como eu, ele não dá muita importância às críticas por dois motivos: primeiro por que sabe que ninguém entendeu patavinas e, segundo, por que não há maneira melhor de chegar aos imbecis do que irritá-los, longe de mim achar que esse é o público alvo de Luiz Felipe Pondé, mas sei que se trata desses a imensa maioria que o critica.
Condenam-o como ateu. Ele sabe melhor do que ninguém que ser ateu é brega e retrata apenas uma revolta besta de quem não sabe do que fala. O próprio Pondé já disse que acredita em Deus e na Alma, e só!!! É claro que ele terminaria essa afirmação com um frase de efeito, o que é típico de pessoas inteligentes e não superficiais.
Machista? Não, não é mesmo. Machista são essas mulheres que, como ele mesmo diz, em breve estarão disputando nossos prestobarbas com a gente. Essas que são contra o casamento, são contra a estética, são contra a sedução. Bom, as feias e mal cuidadas. No próprio mundo animal, no qual me incluo, naturalmente, o macho seduz a fêmea, fazendo estripolias, cantando mais alto, brigando melhor... E as fêmeas apenas sendo belas e/ou atraentes. Não quero dizer que uma mulher só precise disso, mas estou dizendo que temos isso, também, em nossa vida. Uma médica linda, inteligente, salvadora de vidas não pode ser uma boa esposa??? E uma boa esposa, não pode ser articulada e culta??? É isso que ele tenta mostrar: a unidade entre ética e estética.
Em tempo: conheço muito de perto uma bela médica que está há poucos passos de ser uma ótima esposa. Sem abrir mão de seu charme, de seu talento, de sua feminilidade e de sua independência financeira.
Quero terminar esse primeiro artigo recomendando que leiam os textos de Pondé, caso não entendam leiam de novo!!!