quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sou anjo e demônio, assim como você.

Sim, estou falando de mim mesmo: Rodrigo Marucco, solteiro, nascido em Lorena-SP, 32 anos, pianista, blá, blá, blá...
Quero falar do horror que tenho por pessoas "virtuosas". Ser bom é fácil, basta saber mentir bem não se importar com mais ninguém. Erroneamente as pessoas consideram (ou fingem isso) o "não faço" uma virtude. "Eu não fumo", "eu não traio", "eu não chuto cachorro na rua", "eu não bebo". Para mim (e mais alguns) só se é bom sendo operante. E, principalmente, só se é bom tropeçando e assumindo-se imperfeito. Deus me livre dessas pessoas que enganam a si mesmas. Li nesses dias uma frase de Pondé que dizia "Se você apenas mente, você é hipócrita; se você acredita em suas falsas virtudes, você é brega". Perfeito, mas sem a licença do autor troco brega por "burro" e/ou "ruim". É muito engraçado a maneira "espelhada" com que tratamos os "vícios", quanto mais o desvio de outra pessoa é semelhante ao nosso, mas nós abominamos e desprezamos esse coitado. Isso não é burrice? Se conhecemos tão bem um sentimento, deveríamos ser os primeiros a entendê-lo, não? Mas o ponto é exatamente esse: a hipocrisia nos faz burros. Sem assumir nossas taras, frustrações, invejas, raivas e demais "desvios" não temos como saber quem somos, não temos como moldar nosso próprio caráter.
Tudo bem, você é bonzinho e ,por exemplo, nunca destrata ninguém. Legal. Mas me diga, você ao encontrar com uma pessoa que aparentemente nada tem a lhe acrescentar e essa pessoa consome seu tempo (poucos minutos viram dias nessas horas) e sua paciência, não sentiu suas tripas enforcando seu pulmões e o ódio arrepiando todos os pelos que cobrem tua coluna vertebral de tanto que gostaria de mandá-la pra um lugar nada cheiroso? Mas não o fez por ser "bonzinho". Não! Você não fez por que é covarde como eu e como o resto do mundo (pelo menos os normais). Não digo que devemos sair por aí gritando com todo mundo, o que quero dizer é que devemos assumir nossas imperfeições e não sentir tanta culpa por portarmos sentimentos "não nobres". Viver em sociedade requer uma disciplina extremamente mentirosa, e ninguém é mais enganado por você do que você mesmo. Perdoem-me os fanáticos (na verdade não faço questão desse perdão), mas já reparou que os que mais "rezam" são os que menos fazem? Bom, essa eu respondo com psicologia de maternal I: Quem deve teme. Risadas. Desculpe, não é tão superficial assim, mas não queria perder a "piada de impacto".
Para mim, rezar é você contemplar um rosto de criança sorrindo, é você dar uma surra (de preferência verbal) em alguém que judiou de um bichinho indefeso, é você colocar em prática algo que você acha correto e justo.
Pensar é sofrer, meu amigo, mas é melhor sofrer sendo gente do que sorrir sendo uma pedra burra. Conhece essa, não?
Acho muito estranha a maneira como condenamos o interesse das pessoas, fale-me sobre uma ação sua totalmente desinteressada. Algum interesse sempre é intrínseco à uma ação, pode não ser um intersse material, mas que há, há. Querer reconhecimento é interesse, assim como querer sentir-se bem. Entendam-me bem: não digo que não se deva fazer gentilezas, apenas digo que não devemos nos culpar por um dos sentimentos mais básicos do ser humano, o interesse de qual falei. Se você conhece uma pessoa cem por cento autruísta, cuidado! Um dia ela pega uma metralhadora e mata todo mundo dentro do cinema.
O que quero deixar de bom com tudo isso que falei (com o interesse de ser considerado "inteligente") é um pedido de tolerância. Tolerância é uma palavra perigosa, pode ser interpretada como "omissão" ou "aceitação". Não condene com tanto afinco os assassinos, você já quis matar seu irmão, sua mãe ou alguém que se deu melhor que você. Não condene com tanto afinco os viciados, você se experimentar "um pega" num momento de desilusão pode tornar-se um deles. Não condene com tanto afinco seus defeitos, você é você e um dia vai saber disso.
Pra não ser marginalizado (viu? Tenho o interesse de ser bem entendido) vou trocar em miúdos: O que quero com essa aceitação toda não é fazer apologia a sentimentos negativos, na verdade só quero conhecê-los para saber lidar com os mesmos. Para saber guardá-los na pasta certa em minha alma. Deus existe e conhece-nos muito bem, e pra fechar com Luiz Felipe Pondé: "Ele está de bode com gente boazinha demais".

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