Partir da mediocridade ao conhecimento não mais é oportunidade, é dever.
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
9,8,7,6...
Nada há de satisfatório em perecer; quando tomamos ciência do fato de que a vida e a morte são sinônimas, que nossa contagem é regressiva, afloramos a inteligente melancolia como idiossincrasia
básica. Respeito, um pouco, os otimistas que veem lucro na troca do vigor pela experiência – mas estes são hipócritas ou ignorantes (no sentido de desconhecimento). Enxergo nos olhos de um ancião, como um que vira e mexe encontro na academia em que malho, a vontade de voltar, de ver sua pele esticada, seu corpo respondendo imediatamente aos comandos cerebrais; acho bonito que ele pratique esportes e tente atenuar um pouco a degradação a que todos, com exceção dos já mortos de fato, viverão; mas definhar é triste, e até os mais otimistas retóricos sabem disso.
E o desespero cronológico – depois de certa idade, inevitavelmente nos preocupamos com quanto tempo ainda teremos. Agonia...
Contemplando minha vira-lata que já está com uma pata na cova, percebi que nossos animais de estimação (a menos que você crie uma gigante tartaruga) são dicas e exemplos, vis, do que nos espera. A brevidade de suas vidas e a rapidez com que perecem resigna e atormenta a nós que de nada sabemos após a morte; além do fato de adubarmos uma cova, claro.
Observem a evolução das indústrias cosméticas, dos números cirúrgicos ligados a estética (leia-se, evitar o envelhecimento) e da prática esportiva por pessoas com mais de sessenta, por exemplo.
A tecnologia nos permite atrasar o lado da Morte, mas se há alguém que espera o tempo que for, é ela.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Contraditório
Há bom tempo não fazes-me de morada. Demorada...
Verter em solitárias alegrias é transbordar ao avesso, é transformar mil células em uma.
Como direi que fazes-me falta em determinados instantes se qualquer instante sem você é determinadamente cinza? Minha solidão aceita ser trocada por verdadeira companhia; mas onde anda você? Seremos, nós, anacrônicos amantes? Ou será que um de nós simplesmente não existe?
Com efeito, que haja você.
Amor meu, confesso não procurar-te, mas espero – nem mesmo te desejo, mas espero. Nem sei se só existes em minha insana consciência, mas, confesso, espero.
Não demore a visitar-me, apenas não visite. Minha vida vai muito bem sem você, algo me diz que você a atormentaria. Porém, espero.
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