terça-feira, 9 de abril de 2013

Pernas e Braços

Intervir, por meio de leis jurídicas ou morais, na soberania que uma pessoa tem sobre o próprio corpo é a cabeça maior e mais recheada de estrume da medusa do "politicamente-correto". Exemplo lúdico e exagerado (e que a posteriori remeteu-me a um famoso pintor) : Se eu por loucura ou simples gosto tétrico achar que fico melhor sem a orelha direita e resolver mutilá-la, é direito de alguém se meter? Mas quero tratar de coisas aparentemente mais amenas (ou não, posto que a variável principal é a arregimentação de valores pessoais - mesmo os que provém de coletividades religiosas ou de qualquer seara semelhante). Claro que crianças funcionais de doze anos precisam da intervenção dos pais acerca de decisões sobre a carcaça que é tão malformada quanto o intelecto; forrar o corpo de tatuagens antes da maturidade pode não ser uma boa. O aborto (a que sou a favor em determinadas e extremas - algumas nem tanto - contextualizações) foge deste ensaio por envolver mais de um corpo (mesmo assemelhado a um girino, é um corpo); já a eutanásia (desde que consentida, embora minha explicação seja pleonástica)... Minhas reticências somadas ao início da crônica já declararam minha posição. Sempre fui a favor da campanha do corpo, cada um cuidando do seu - não admito regras para o meu bem, além das minhas, claro. Poderia alongar meu texto com teorias conspiratórias e analogias ao fascismo, mas prefiro ser pragmático e conciso, mesmo por querer mais leitores. Em tempo: não pretendo mutilar minhas orelhas, as moças já me convenceram do charme da assimetria disforme.