sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Pecado

Antropológica e religiosamente falando, para cometermos um pecado precisamos estar livres. Começarei com um exemplo extremo: o suicídio. Uma pessoa zerada de serotonina está livre? Claro que não! Por isso admiro o filósofo Fábio de Melo – ele analisa qualquer questão contextualizando-a com as Medicina, Psicologia e Antropologia. Assisti a um discurso dele sobre a “danação eterna” de quem se mata – claro que ele elucidou que se trata de uma extrema bobagem; mas como “pecado” não é algo que muito me preocupa, trocarei a palavra por “culpa”. Um viciado (depois de ser consumido pelo vício, pois ele estava livre dele antes do mesmo) em crack é uma pessoa livre? Ele é culpado por qualquer besteira que venha a fazer? Já adianto que, a partir daqui, este texto não traz respostas, só mais perguntas (ou, se preferir – eu prefiro, “provocações”). Depois de bêbado, um homem é livre para decidir se vai dirigir ou não? Ah!, vão dizer, ele era livre para não beber. Era? Um esquizofrênico que foge da clínica e mata uma pessoa é culpado? Uma resposta empírica e plenamente absoluta: a médica dele, não (Folha de São Paulo – 20/12/2012). Alguns de hermenêutica equivocada vão dizer que estou defendendo criminosos; não – estou defendendo a Filosofia que tanto respeito. De Sócrates até aqui, a poucas respostas chegamos – isso é o que faz com que os pensantes não entrem em extinção; minha existência, breve por mais longa que seja, não trará respostas, mas vai provocar muitas outras existências e adiará o suicídio da inteligência.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Nossa (?) Língua

Glosemos (não pense besteira) sobre um tema que distancia bons de ótimos textos – um pobre vocabulário ativo. Sumariamente, elucido que vocabulário ativo é o que usamos ativamente, escrevendo; o passivo é aquele que lemos e entendemos, porém não usamos na ativa. Para se escrever bem é inevitável as criatividade e boas leituras – complicado enriquecer seu vocabulário lendo “Crepúsculo”; mas há algo que não pode, de forma alguma, faltar quando estamos com um livro de peso em mãos: um dicionário (de preferência de papel); a nossa língua nos engana amiúde, você lê uma palavra desconhecida e crê que a entendeu. De nada adianta escrever um texto com rebuscado vocabulário, mas sem sentido algum; disfemismo: escrever merda. Peço aos talentosos que não tenham preguiça e, humildemente, pesquisem o que venham a não entender – o mundo é sujo, que a Arte seja limpa.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Metamorfose em Processo.

Deitados, enquanto eu habitava Kafka, era habitado por você; carinhos sagradamente mal-intencionados embaralharam-me as letras, faziam meu intelecto verter em lascívia. Não demorou para que, vestido, sufocasse – minha pele a tua precisava tocar, meu corpo o teu explorar. Vivi genuinamente o que chamam de amor – fizemos amor; fizemos o amor.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Já para o Parquinho - Acéfalos.

Vidas, mortas, porém vidas. Nós, principalmente as mulheres, enxergamos e ouvimos somente o que desejamos ouvir e enxergar - qualquer consenso é natimorto. Uma das funções cerebrais que nos mantiveram vivos até agora é a de dar-nos sempre razão; blá-blá-bás filosóficos, por não serem palpáveis, são inócuos e fajutos - poucos filósofos se entendem com Darwin - na falsa Filosofia (a intelectualidade) toda réplica tem uma tréplica e assim vai até um dormir. Nunca eleja um intelectual para um cargo político. E nada como termos complicados para dar sono e vencer um argumento pelo cansaço. A verdade não existe - solipsismo é coisa de esquizofrênico que, segundo "Jung", habita seu próprio inconsciente - assim como neuróticos habitam suas "personas". Relações afetivas (sexuais) jamais darão certo se um não for o "tonto" da história - ambos devem ceder , mas, sempre, um muito mais. As mulheres adquiriram um poder que as deixaram mais neuróticas ainda - mas ainda amo as gostosas e/ou inteligentes. Andei postando palavras de efeito como, exemplo, "inferno" - dois ou três retardados criticaram e até baniram (adorei!) meu "post". É que entre ler "Crepúsculo" e "Nietzshe" há um inferno de distância (Risadas) - Ah!, até rezaram por mim. Bom, perdoem-me o "marketing" - mas há leituras "desemburradoras" na livraria Saraiva e vibradores de tamanhos e cores variados no sexy-shop de um amigo meu, que fica no segundo andar da galeria do "Calçadão" para suprir a ausência de ideias ou a de orgasmos. E queridinha, foi você quem colocou teu rebento aqui no "subterrâneo" - e fui eu quem colocou o meu. Que não seja preciso leucemias ou qualquer outra vil doença para mostrar que, sim, ser pai ou mãe, às vezes é padecer no inferno. Espero que apenas a adolescência te mostre isso. Amo meu filho, por isso temo o mundo.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Carniça por Quilo

Não sou tolo, quem me conhece sabe que não sou "rabugento" como as hienas que me não conhecem consideram - divirto-me até demais; sorrio bastante, um belo sorriso, aliás. Sou artista, tenho um quociente emocional altíssimo - embora digladie constantemente com o intelectual que também não é baixo. Com arrogância dos arquétipos herdados de gênios com menos recursos e mais tempo, divido, quase sempre, as pessoas como inteligentes ou idiotas. Não engulo fé, não digiro salvação - do que me falta cuido eu, sem alienadores muito bem remunerados. Sei que amigos são efêmeros, na hora da verdade, desaparecem - seja por já terem exaurido o que lhes interessava ou porque arrumaram algo melhor. Família? Fuja do "correto" que a maioria (nada é mais burro que a maioria) adotou e serás um vagabundo. Pessoas idiotamente felizes incomodam as que necessitam de momentos de introspecção, e vice-versa. E é a ditadura da felicidade que ressuscita o totalitarismo disfarçando-o de saúde e bons costumes. Pensar não é lúgubre nem faz mal a saúde (que é viver como desejas). Como diz Pondé: "Se houvesse um plebiscito, a maioria escolheria viver numa gaiola feliz".

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Felizes Os Não Convidados

Parecia simples: sorrir ou chorar, aborrecer-se ou se alegrar. Mas elos hão de nascer ou, antes disso, perecer. Ou depois. Que seu ventre seja a chegada, da morte partiremos; viver é o que há entre o amor e o horror; entre a terra e a flor. A face enrugada por um sorriso é a mesma macia e lisa por um medo; do medo à loucura, valiosa, pura... Bons momentos são dissidentes que driblaram a guarda existencial, napoleões esquizofrênicos que sadicamente nos fazem vislumbrar uma utópica felicidade, a mesma santificada pelos tolos. Felizes por assim serem, e só por isso. E felizes. Há sabedoria em conhecer a onipresente infelicidade? É sábio o peixe que sobe a cachoeira? Tolos somos nós, que incapazes somos de sê-lo.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um Pouco de Melancolia

Vivi teu luto, dividi-a com a terra e agora tento, com carinho, não guardar o pouco de melhor que me dera. Precisei dar-te um corpo, etérea você me cercava, me envolvia... É, Paixão, vestindo-se de libido e despindo-se em lascívia fez de mim uma medíocre morada. Aceitar tua morte foi o mais duro e claudicante passo que eu dei; nos sonhos, onde você ainda vive, meu coração bate em quiálteras – diferentemente das longas semibreves que se arrastam quando desperto. Faz-me falta por tão ruim ter sido, dos prazeres não quero nem lembrar. Enfim, querida, sem fé ou alegrias, espero te não encontrar – seja num limbo, seja no mais macio pedaço do firmamento.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

De Dentro (A Ferrugem Educacional)

“Livros, jornais e internet já haviam me contado, teoricamente, o que venho aqui tratar.” Em uma tríade de meses conheci muitos lugares hostis, pessoas invejosas e toscas, histórias familiares que jamais deveriam ser escritas – conheci algumas escolas. Antes da ontologia educacional, concisamente, vou tratar de um número que serve de foto 3X4 da realidade “Al Qaeda” do ensino que oferecem aos vossos pequenos rebentos: todas as salas-de-aulas da rede municipal de ensino têm dois ventiladores , destes, menos de 5% funcionam. Agora, a parte “humana”(?): pessoas despreparadas, e não só tecnicamente, formam um enxame de abelhas-pombo que cagam na cabeça de seres que possuem criatividade incontestável – aniquilada pelo sistema corrosivo que é a educação em seu mais amplo sentido. Os sobas (diretores) também são inúteis, porém um pouco (bem pouco) melhor remunerados – mas os funcionários da educação, na maior parte, merecem o desrespeito e a má remuneração que recebem – e as crianças, muitas sem pai nem mãe, são Ferraris sem freio; sem contar a tendência “banditismo”, que está na moda e consideram bonito. E há o lixo cultural que é oferecido pelos professores, que, salvo exceções, não conhecem algo melhor. E os discursos inclusivos? Caro amigo, há alguma inclusão em matricular um aluno totalmente cego e deixá-lo dormindo sobre os braços durante todas as aulas? É um exemplo, apenas um, mas dos que mais me revoltaram. Na Finlândia, onde a educação é referência para o mundo, há o que chamam de “Exclusão Positiva” – dentro da sala de aula, junto aos colegas, há um pequeno grupo de crianças que possuem dificuldades especialmente acompanhado por professores especializados. E é claro que são mestres bem treinados que fazem de maneira que não marginaliza os diferentes, fazendo com que o respeito impere. E só uma nota: antes de entrar na faculdade, as crianças que participaram de todo o caminho escolar “especial” estão aptas e preparadas tanto quanto as que não viveram alguma dificuldade – concorrendo (e sendo) de igual para igual. Infelizmente, estamos para a Finlândia tanto quanto o lado direito está para o esquerdo. Confesso que por preguiça e mal-estar vou parando de escrever por aqui – mas haverá uma continuação. Com efeito, pensem bem antes de jogar sua prole numa creche minada camuflada de escola. Em tempo: há pessoas que valem a pena e trabalham com afinco e inteligência – procure por elas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A Bunda Pessoal e Intransferível

Os critérios são plenamente equivocados, mas, em essência, a “meritocracia” é sensata e justa. Como não existe nivelamento para talento, creio que é correto avaliar o empenho. Estava lendo sobre a celeuma de cotas para estudantes que saem do público ensino médio rumo à universidade – que idiotice. Ao invés de melhorar a qualidade do ensino “gratuito” e, assim, igualar as chances, fazem piorar o ensino universitário nivelando por baixo. Sem contar a “malandragem” de muito vagabundo burro - dá para imaginar o quão aproveitável serão as cotas para seres “água-de-salsicha”? A educação faliu, sabemos disso, mas há um porão no fundo do poço – sempre. Uma pessoa pobre que queira entrar numa boa universidade deve se empenhar muito, mérito que será aniquilado com a “justiça” cotista. Mas para não contar com hipóteses, é melhor, caso você ainda tenha uma bunda, sentar e estudar muito.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pecado Capital

Vou contar um segredo (paradoxalmente explícito) em forma de medusa - a miríade de cabeças confunde, mas não encobre a causa única. Caro amigo, você sabe por que as crianças (meninas) se "arrumam" tanto? Sabe por que crianças e adolescentes jogam (videogame) e navegam tanto? E por que têm tantas atividades extracurriculares, você sabe? Poderia "engrossar" este caldo, ou melhor: "post," com várias interrogativas acerca do vil assassinato da infância, mas vou logo à essência. Preguiça! É, amigos, "desovar" as crianças em "creches temáticas" (desculpem-me os empresários dos ramos que mencionarei, mas uma criança de cinco anos precisa é brincar), como inglês, informática, esportes sem significado (o que a criança faz por "obrigação" sem se divertir nadinha), etc., é a melhor maneira de fugir da responsabilidade de educar e de se divertir ao lado de seu rebento coonestando a suja praticidade da terceirização da criação. A própria escola regulamentar virou uma creche temática, aprender (e ensinar) é o que menos importa. Vale ressaltar os poucos, bons e obstinados professores que fazem seu trabalho como devem. "Mamãe, posso me maquiar?" Claro que pode, desde que não perturbe a mãe com sua existência lúdica e divertida, pode tudo. Meu Deus, enlouqueceram todos? Para que uma menina deve ser mulher (e muitas vezes, vulgar) antes de sua natureza ditar? Um joelho ralado, em uma criança, a embeleza muito mais do que um batom. Há outro lado nessa "cabeça": os pais projetam-se nos filhos, ostentam a beleza (artificial) com afinco; ou seja: produzindo a filhinha, o que menos importa é ela mesma. A tal da carência... O game e a internet funcionam como prisão voluntária: tranquem-se no seus quartos e nos deixem em paz. Não é? Meu povo, criemos nossos filhos: eles adoram limites e atenção. Cinco minutos com você valem muito mais do que três horas de "XBox". Se seu filho (criança) não pensa assim, você já vem errando há algum tempo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Pois Chorando Eu Vejo...

Queixo-me às rosas, onde está a melancolia que tanto enobrece a função primeira de uma boa história contada em versos e melodias, as canções brasileiras, que é a de sensibilizar e entorpecer? Onde estão os pais compositores que ao perceberem o desencaminhamento moral/sexual de suas filhas avisam que à beira de um abismo cavado por seus próprios pés elas se encontram? E os detalhes pequenos que são coisas muito grandes para esquecer? E a tristeza que não tem fim, diferentemente da felicidade? Percebo, infelizmente, que com tamanha celeuma de bobagens “felizes”, nós, os pensantes, tomamos no “tchu”. Aviso que o “felizes” está entre aspas pelo fato de não existir real felicidade sem inteligência e conhecimento. Alienação, por mais que camuflada de um alegre carnaval, é triste. O culto global à alegria burra é um dos piores capítulos sendo escritos na história “evolutiva” da humanidade. Rimar “ai, ai” com “papai” ofende a todos, sem exceção, que conheceram, por exemplo, o poetinha “Vinicius de Moraes”. Já escrevi sobre “arte versus entretenimento”, mas o entretenimento está cada vez mais “feliz” e burro - conseguiram associar porcarias culturais com pornografia, com falta de compostura, com sexo tosco, com desamor. O "belo", hoje, em muitas searas, é ser “vagabunda”, “burra”, “bandida”. Pobres mulheres, essas não percebem o quão desinteressantes se tornam. Uma variação de masturbação. Que um dia meu filho conheça uma mulher de verdade: sensível, inteligente, educada, culta e bela. Eu quase que já desisti.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Limbo

No final das contas, como diz o escritor João Ubaldo Ribeiro, o que nos mantém vivos é a esperança. Sem ela, já morremos em alma, daí para servirmos de alimentos a vermes é um passo. É intrigante saber que para sobreviver precisamos, ao mesmo tempo, “esperar” e aceitar o que não pode ser mudado. Precisamos velar nossas impossibilidades e, logo depois, enterrá-las. Perder qualquer esperança burra (uma analogia radical, ácida, seca e elucidativa: um amputado coxofemoral não vai esperar que como cauda de lagartixa sua perna renasça) é ser sabiamente esperançoso. Com a aceitação de um problema que não tem solução, voltamos a ter a inteligente esperança de que aprenderemos viver com nossas perdas e continuar respirando. A perda de um grande amor, por exemplo, se não aceita pode nos perecer bem mais rápido do que devemos. No amor, creio que se não nos aceitarmos derrotados e não assumirmos que perdemos, ficamos presos no presente torturante. Para pessoas como eu arrogantes, a derrota em qualquer aspecto é humilhante, por isso a necessidade de aceitarmos a morte (do “nós”) e enterrarmos seu “corpo” . Por mais tolo e otimista que pareça o clichê “Há vitória na derrota”, ele é verossímil e simplesmente profundo. Só vale deixar claro, no final deste breve ensaio, que a esperança só é sagrada se operante. De braços cruzados nos protegemos, no máximo, do frio.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Amor para "Inteligentinhos"

A vantagem da exposição midiática a que qualquer mortal, independentemente da “fama”, participa é que assim temos acesso ao talento (e principalmente a falta de) de que as pessoas dispõe. É lógico que é preciso equacionar a “felicidade publicada” com a “realidade praticada”, que são inversamente proporcionais. E isso vale para qualquer extremo virtual – menos os que retratam a fé, ou a falta de fé, burra, sem conhecimento, sem estudo; essas pessoas são mesmo superficiais. Mas, genuinamente, este texto trata da “ingenuidade” (entre aspas para se aproximar de “idiotice) que vejo nas manifestações de afeto. Primeiramente, acho (modéstia falsa, tenho certeza) que devemos assumir o que realmente nos move, qual o sentimento que realmente está forjando o nosso comportamento; ódio, por exemplo, muitas vezes nada mais é do que uma saudade imensa somada à não aceitação de um fim. Assim como o amor, banalizado, geralmente é resultado de uma quase patológica carência – que sem querer ser machista aplico à maioria das mulheres, mesmo as mais inteligentes; o diferencial é que estas últimas, veladamente, conhecem-na. Mas, vamos ao texto de fato. Acabo rindo de decepção ao perceber o fajuto jogo de sedução de alguns de minha espécie (considero, comportamentalmente, homem uma e mulher outra – e não trata-se de uma “guerras dos sexos” superficial; portanto, não me venham com “darwinismo” - pois desta água (Darwin) eu bebo muito antes de muitos terem nascido); a exposição de sentimentos bipolares, ou seja: a exposição da insegurança, é o que um homem não deve demonstrar de forma alguma. Já disse, baseado em “Pondé”, que o tripé da “autoestima” é composto por saúde, afeto e grana – e autoestima, no jogo de sedução, é segurança. Muito difícil manter as pernas deste tripé rígidas e inexoráveis, mas assumir uma postura “carente”, para um homem, é o fim. Mas aí vêm os de hermenêutica equivocada (eufemismo para “burros que não entende nada”) e corroem toda a inteligência da lógica do sucesso “alfa”. Na linguagem da maioria: é óbvio que uma “cagadinha” (indiferença) é mais do que necessária em uma conquista que pretende se edificar, mas “diarreia” (entenderam, claro) – indiferença total, caso funcione, será apenas com pessoas carentes em demasia. Não gosto da palavra “equilíbrio”, me dá uma sensação de “bundamolice” (termo que o roqueiro “Lobão” usa com frequência) – como diz o velho mais doido da literatura espiritualista (ou antiespiritualista), o “Osho”: “Quem está sempre do lado esquerdo, está errado; quem está sempre do lado direito, está errado; quem está sempre no meio, está morto” - a sedução é um jogo de surpresas e incertezas. Se você não conseguir ser você, com toda autonomia, com toda idiossincrasia, com todos os subjetivos defeitos e com toda a normal e necessária inflexibilidade (não total, oquei?), você não vai ser desejado por quem realmente desejas. Vai arrumar uma legião de desesperadas, no máximo. O mesmo acontece se você não conseguir interpretar teatralmente alguns carinhos. Como conquistar alguém se você se demonstra completamente dela (ou dele, isso não é problema meu)? Como conquistar uma mulher inteligente e desejada se você a ignora de vez? É meu amigo, não deixe para aprender quando teu corpo, sozinho, não mais cativar ninguém. O amor, o verdadeiro, vale a pena – mas desde que não o fira ontologicamente. Aprendeu?

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

9,8,7,6...

Nada há de satisfatório em perecer; quando tomamos ciência do fato de que a vida e a morte são sinônimas, que nossa contagem é regressiva, afloramos a inteligente melancolia como idiossincrasia básica. Respeito, um pouco, os otimistas que veem lucro na troca do vigor pela experiência – mas estes são hipócritas ou ignorantes (no sentido de desconhecimento). Enxergo nos olhos de um ancião, como um que vira e mexe encontro na academia em que malho, a vontade de voltar, de ver sua pele esticada, seu corpo respondendo imediatamente aos comandos cerebrais; acho bonito que ele pratique esportes e tente atenuar um pouco a degradação a que todos, com exceção dos já mortos de fato, viverão; mas definhar é triste, e até os mais otimistas retóricos sabem disso. E o desespero cronológico – depois de certa idade, inevitavelmente nos preocupamos com quanto tempo ainda teremos. Agonia... Contemplando minha vira-lata que já está com uma pata na cova, percebi que nossos animais de estimação (a menos que você crie uma gigante tartaruga) são dicas e exemplos, vis, do que nos espera. A brevidade de suas vidas e a rapidez com que perecem resigna e atormenta a nós que de nada sabemos após a morte; além do fato de adubarmos uma cova, claro. Observem a evolução das indústrias cosméticas, dos números cirúrgicos ligados a estética (leia-se, evitar o envelhecimento) e da prática esportiva por pessoas com mais de sessenta, por exemplo. A tecnologia nos permite atrasar o lado da Morte, mas se há alguém que espera o tempo que for, é ela.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Contraditório

Há bom tempo não fazes-me de morada. Demorada... Verter em solitárias alegrias é transbordar ao avesso, é transformar mil células em uma. Como direi que fazes-me falta em determinados instantes se qualquer instante sem você é determinadamente cinza? Minha solidão aceita ser trocada por verdadeira companhia; mas onde anda você? Seremos, nós, anacrônicos amantes? Ou será que um de nós simplesmente não existe? Com efeito, que haja você. Amor meu, confesso não procurar-te, mas espero – nem mesmo te desejo, mas espero. Nem sei se só existes em minha insana consciência, mas, confesso, espero. Não demore a visitar-me, apenas não visite. Minha vida vai muito bem sem você, algo me diz que você a atormentaria. Porém, espero.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Cães Fortes - Dicas Contra Acidentes e Injustiças.

Um pequeno prelúdio: Antes que algum desinformado faça críticas acerca de eu ser “metido a entender de tudo”, já aviso, e quem me conhece disso está ciente, que sou apaixonado por Música, lutas e cães desde antes de muitos “inteligentinhos” migrarem do escroto do papai para o útero da mamãe. Bom, eis, a seguir, o texto. Em primeiro lugar: as raças são obviamente diferentes – não por ferocidade ou paspalhice, mas por tamanho e força. Basicamente, um cão grande pode fazer um estrago maior (vale relativizar o tamanho do cão em relação à “vítima” - um poodle é um Pastor Alemão para um bebê). Falando em crianças, sabemos que além de lindas elas são “pentelhas”; deixar uma criança, sozinha, com um cão forte é negligência – sempre permito que meu filho de cinco anos e meus sobrinhos de sortidas idades usufruam os carinho e amizade do meu Pit Bull, mas, necessariamente, sob minha supervisão. Meu cão é forte o bastante para, brincando, jogar meu filho longe – e meu filho é pentelho o bastante para tirar o tonto do meu cão do sério. Não incomode seu cão enquanto ele se alimenta – você gosta de alguém te atazanando durante o almoço? Cães não tem mãos, tudo é resolvido com a boca – pegar, jogar longe ou mesmo morder por morder (cães também ficam estressados). Educação: é preciso, desde o mais cedo possível, educar (adestrar) seu animal para que ele saiba o que é da ossada (trocadilho pertinente) dele e o que não é – e sempre: não é “não”! Essa história de “às vezes pode” deixa-o maluco; a menos que você tenha competência para fazê-lo entender que sob seu consentimento (um sinal ou palavra) ele está liberado. Alguns cães não toleram companhias caninas, portanto, a menos que um profissional esteja por perto para socializá-lo, não insista em arrumar-lhe amigos. Maus profissionais metidos a treinar cães para “ataque” podem estragar o temperamento e o juízo do animal. E o básico, que propositalmente deixei para o final (deste texto, porque essa história vai longe): Dê carinho, alimente-o corretamente, não o deixe preso em correntes e passeie com ele. Assim, será muito difícil teu cão te dar problemas; mas se der, um profissional resolve. Abandonar ou sacrificar é uma atitude besta e cruel. A culpa, como já disse, geralmente está na outra ponta da guia. Seja mais inteligente que seu cão. Em tempo: use a focinheira quando necessário – não corrobore o ódio dos idiotas.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Breve Pensamento Humanitas

Nosso estado natural é a indiferença - quando nos fazem um favor, valerá por muito mais tempo para quem o fez; cito dois motivos principais (que aprendi com Joaquim Borba dos Santos - patrono do humanitismo): primeiro porque nos sentimos bons, e segundo porque nos sentimos superiores. Quando necessitamos de um obséquio, alguma coisa, de uma forma ou de outra, nos incomoda. Imagine, exemplo dado por Quincas no livro póstumo do Brás, um cinto apertando muito tua cintura, alguém vem e desata-o - pronto, você vai sentir momentos de alívio, mas logo voltará à indiferença. É por isso, também, que vemos tanta "ingratidão" - entre aspas porque baseado nesta filosofia acima nada é mais natural do que a desvalorização cronológica dos que nos serviram.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Macaco Medroso

Jamais serás feliz. Não se preocupe, ninguém alcança o que não existe – apesar de estar sozinho no imbróglio sem sentido que é a vida, você está acompanhado de uma multidão de solitários. A quimera nomeada de “felicidade” dependeria de quase incontáveis fatores, eis aqui o resumo estoico deles: segurança e liberdade. Imagine uma estrada (que analogia pobre, não?), pronto. Agora, em um extremo imagine a cidade Segurança e no outro, a Liberdade – para se aproximar de uma você se afasta da outra. E confie em mim, eis a vida. Não estou, como dizem os mais velhos e, inevitavelmente, sofridos, que teimam (e eu respeito muito) em viver, tirando essa teoria do “nariz” – teses incontestáveis e riquíssimas sobre o tema já foram discutidas e enfiadas goelas abaixo por gente como o sociólogo polaco “Zigmunt Bauman”, gênio da filosofia aplicada. A liberdade custa a falta de segurança, de amparo. Além de obrigar-nos a decidir por nós. Parece raso, não? Pois não é... As pessoas aprisionam-se, seja em casamentos, em trabalhos ou qualquer cotidiano ortodoxo, para ter segurança; e isso é bom, desde que aceitem que a liberdade nunca foi uma boa e relaxante idiossincrasia. Do contrário, crises profundas e sofrimentos (espirituais e físicos) serão triviais. Analise a segurança versus a liberdade em qualquer âmbito da existência – além de ser um bom exercício, fará com que concorde quando promovo a incompatibilidade contemporânea entre elas. Seja na política, seja na vida pública, seja no amor, seja onde for – Quanto mais segurança, menos liberdade. E isso aniquilará essa pueril fantasia da felicidade plena. Nós, adultos, já estamos cansados de saber disso, mas é muito mais profundo do que parece. O medo (direta e inevitavelmente ligado à segurança e à liberdade) nos é uma herança antiga e poderosa inconscientemente. É preciso falar de darwinismo: já fomos presas, alimento... Animais pequenos, de mandíbulas pequenas, jogados noites e dias (acho o dia mais “sinistro”) a céu aberto, trovoadas, tempestades... Fica fácil perceber que a liberdade nos assusta – ela nos distancia da segurança. A nossa arma que sempre foi a “inteligência” criou prisões mimetizadas aos tempos e gerações, uma delas é o que chamamos de “relações” – seja entre amigos, parentes, enamorados... Ou você aceita sentir-se seguro e preso, ou aceita ser livre e em constante pânico. Feliz, meu filho, nem f...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Interlúdio

Se queres meu amor, a verdade te digo: não desejo-te alegrias, salvo quando junto a mim. A presença do nós, esse ser que faz apossarmo-nos um do outro, é fundamental para a metafísica poética que chamamos de nosso amor – pelo menos a certeza de mim em teus obsessivos e serenos devaneios triviais, como alguns chamam de “pensamento”, é alimento para a enrugada alma concisa pelas cicatrizes advindas da incerteza. A monotonia da paz solitária castiga tanto quanto os mais torturantes tormentos causados pelo natural ódio que, vez ou outra, irrompe os momentos dos enamorados. Natural associar-te a cotidianas situações e objetos – quando se ama, em tudo, sadicamente, damos um jeito de enxergar quem nos falta. Nada me é tão satisfatório quanto digladiar com você por o que mais me importa: ti. Vem...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Na Verdade Tudo Esconde...

Por fazer parte deles, dedico atenção especial ao comportamento de blindagem ativa que alguns tímidos assumem. Tal “personalidade” não permite, assim odiando quando acontece, qualquer tipo de surpresa. Não sei dizer se trata-se da maioria, mas grande parte dos tímidos costuma irromper qualquer local e momento a que se sujeitam – sendo criadores e mantenedores do “foco”, dirigindo-o como um diretor faz com uma peça teatral - evitam que alguém ou alguma situação se aposse do momento e o “devore”, desprevenido, com a faminta e enorme mandíbula do desconcerto casual. O momento da encabulação é a representação do inferno para uma pessoa tímida – para evitá-lo valem as mais “desavergonhadas” atitudes, paradoxo simples de ser compreendido: sendo o dono da situação e frequentando o pico da extroversão, dificilmente os olhares e assuntos em voga sairão de seu controle. Vale a pena separarmos os tímidos dos inseguros, a autoestima (juro que não entendo este termo, já que está diretamente relacionado à estima que outrem nos dispensa) em dia é fator decisivo para o sucesso, ou não, da manobra inteligente de uma pessoa tímida impôr, de nuca ereta, suas personalidades e ideias. Em suma: nada melhor a um tímido do que as arrogância e liderança, que de certa maneira estão inevitavelmente ligadas; bom, isso desde que se deixe a hipocrisia de lado. Uma dica: é mais fácil achar um tímido chamando a atenção com suas inteligência e irreverência do que de pernas cruzadas aguardando sua vez de falar.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Cada Vez Menos

Dia oito de julho do ano de dois mil e doze (ainda nos resta a esperança de tudo acabar antes da próxima "virada"), domingo, dia oficial do ócio, resolvi me maltratar lendo um livro com a TV ligada no "Domingão do Faustão". Não esperava que o castigo seria tão doloroso: primeiro me entra, comemorando o próprio aniversário, um grupo de pagode que ditou moda (estilos surreais de vestimentas) e conseguiu acabar com o que o Samba tinha de bom (ontologicamente falando), deixando um legado que nos atormenta até hoje; mas isso não foi nada - numa manobra de "marketing" muito explícita, começam a entrar famosos (fazer o quê?) "artistas" tão ruins quanto como se fossem "fãs" e amigos de longa data. Até que, a punhalada final, entrou o "maior artista brasileiro reconhecido mundialmente", segundo o apresentador (e o pior é que no momento ele tem razão): Michel Teló. A tentativa de dueto em terças com o "excepcional" cantor Luís Carlos provou-me que o nojo que sinto não é só mera implicância. Realmente, eu subestimei a capacidade humana de involuir. Em tempo: ainda bem que no mesmo domingo ainda assistiria o riquíssimo "Café Filosófico", na TV Cultura.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pesos e Medidas

Com a petulância que meus mais de trinta (pouco mais) permitem, vomito a ira que sinto quando preciso fazer-me de inferior para com pessoas incontestavelmente inferiores. Este meu manifesto não é um simples e raso desagrado para com “chefes” - mas, sim, uma coonestação da esquizofrenia que me é causada pelo poder que imbecis sobas detêm. O pragmatismo do ensino que não ensina (esse que nosso Brasil conhece bem) é o maior método de avaliação intelectual – pessoas são classificadas como inteligentes pelos absurdos que decoraram e/ou por postos que ocupam (de bocas fechadas) graças a algum apadrinhador. Tentando se adequar à imbecilidade, pessoas preparadas perdem algumas oportunidades; portanto, é melhor deixar claro que a incompatibilidade para com determinado cargo é causada pela extrema superioridade a ele e aos “superiores” que avaliam. Caso o cargo e o avaliador sejam muito para você, saia quieto como um guri borrado.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Vísceras

‎"Estranhamente acomodo-me no limbo de tua ausência; o inferno gelado da distância refrigera-me as assimétricas cicatrizes que o inverno escaldante de tua presença tatuou em minh'alma. Mais prazerosa é a solidão quando capazes somos de topar e reconhecer a nós mesmos. Qualquer vida, desde que seja a minha, é melhor do que a tua, do que a nossa... Não te digo que não há tua falta, mas que dela não abro mão. Enfim, só".

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Na Outra Ponta da Guia

Algumas ideias absurdamente inverossímeis custam a fazer com que as absorvamos de fato. Como já houve (mas nunca com tanto afinco) com cães das raças “Doberman”, “Rottweiler” e até mesmo com os policiais “Pastores Alemães” hoje o “Pit Bull” sofre grande discriminação por puro desconhecimento de causa, concisamente: por ignorância. Estatisticamente, “Poodles” mordem muito mais que todas as raças discriminadas juntas; mas pelo pequeno porte (raramente causam estragos consideráveis) e por não terem um “clã” de odiadores, raramente viram notícia. Qualquer cão pode morder e/ou manter (possuir) um temperamento agressivo – aí entra o dono e os profissionais do comportamento canino. O problema é que, para educar um cão, o dono precisa saber mais que ele... O ocaso encontra-se na outra ponta da guia. As pessoas costumam achar lindo um cão de pequeno porte mordendo os pés dos visitantes, mas um cão marginalizado (entre eles o Pit Bull) não pode nem rosnar para defender seu alimento ou território. Qualquer cão merece respeito, se ele for forte chega a ser burrice desrespeitá-lo. Agora, uma pequena digressão (que nem é tão digressa assim): abomino as pessoas que deixam seus cães soltos nas ruas correndo atrás de carros e avançando em cães que passam de coleira com seus donos. Vira e mexe, o meu “Pit Bull”, assim como o meu “Bull Terrier” são atacados. Não reagem, mas mesmo se quisessem, a focinheira impediria. Peço de coração que os donos de cães mantenham-nos em casa e passeiem com eles. Além de perigoso para o cão, é perigoso e mal educado para com os transeuntes e motoristas. Dar “comidinha e água” e depois largar o dia todo na rua é fácil. Bom, voltemos aos “assassinos”. Agora há até projetos de lei querendo extinguir algumas raças – projetos simplesmente vis e absurdos. Creio que o insucesso é garantido. Tenho muito mais o que escrever, mas para que todos leiam meu texto (esse eu faço questão, por motivos solidários) quero terminar com um pedido: quem for dono de um desses cães “discriminados”, por favor, coloquem a guia mais a focinheira e saia ostentando a beleza, o controle e a educação do seu amigo. Tchau-au-au.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Dedo na Garganta

Anda quase que insuportável viver esse modismo (espero que muito breve) do politicamente correto. Agora, querem que a lei interfira no paradoxalmente saudável comportamento maldoso das crianças – não faço apologia ao “bullyng” (como é boba essa mania de “extrangeirizar” tudo), apenas acho que as maldades pueris devem ser combatidas em casa e na escola. E que se a lei interferir no aprendizado prático da vida, criminalizando deboches e exclusões (naturais desde que o mundo é mundo), terá que descriminalizar todo o mau comportamento adulto. Me preocupa o fato de meu filho chamar um gordo de “gordo” e virar meliante. Da mesma maneira que temo que alguém vire bandido ao chamar meu filho de branquelo. Quanta bobagem. As pessoas querem segurança, isso é ontológico; mas no mesmo nível querem liberdade. Essa “segurança” de deixar tudo para a justiça resolver (cômodo, também, não?) aprisiona. Querem que os problemas mais íntimos sejam resolvidos por leis – querem se meter em nossas casas, em resumo. A segurança está em um polo e a liberdade em outro – aproximando-se de um, afasta-se do outro. Nossos descontentamentos com o casamento ou com a “solteirice” retratam bem essa filosofia. Preciso vomitar.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Dois

As manhãs voltam a ter cor; os poemas, a fazer sentido. Não que eu seja um romântico; não acredito no amor inabalável independentemente das circunstâncias sociais/culturais. Embora eu seja de certo modo “machista” (na minha filosofia, a interpretação mais próxima a esse termo é “realista”), não é só por isso que acho que o homem tem que ser “darwinianamente” forte – e a evolução da força é um conjunto de vários outros adjetivos. Pergunte para uma mulher inteligente e, principalmente, que possa ser com você sincera e ela te reponderá que as qualidades que espera de um homem, por mais que acabem sendo as mesmas do “blábláblá” de sempre, estão numa ordem muito diferente. Não sou tolo de acreditar que elas não querem carinho, atenção, sensibilidade, inteligência... (felizmente, as mulheres são capazes de erotizar nossa inteligência) – ou seja: o afeto é uma das pernas do tripé da autoestima. Mas só uma. E é da autoestima (que preferiria chamar de segurança, mesmo porque autoestima nada tem de “auto” - já que é diretamente ligada à opinião que outrem dispensa para com a gente) que um homem que deseja ser amado precisa. Só para elucidar brevemente (já falei disso em outros textos), as outras pernas do “tripé” são saúde e dinheiro. Um homem saudável, bem sucedido e que receba doses suficientes de sexo e carinho é um homem seguro – com um enorme potencial para se tornar um “amado”. Mas meu texto até agora só tem uma frase, a primeira. O restante é uma breve digressão elucidativa para deixar claro que não se trata de um texto meramente apaixonado – faço o que posso para manter erguido o tripé – o que nem sempre funciona.. Mas, voltando ao texto... A segurança de saber-se “de alguém” desacorrenta da liberdade que prende. Bons momentos são os divididos. A saudade que será suprimida é prazerosa e excitante. Até as chateações moderadas e inevitáveis são de certo modo desejadas. É bom viver um amor real. “Bons dias” - “boas noites” - “saudades” e “te amos” são o contrário das inconveniências publicitárias que invadem nossos meios de comunicação. Já que como ser humano isso é impossível, é muito bom não sentir-se sozinho como homem.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Arte versus Entretenimento

A "Arte" nos permite como interação apenas contemplá-la - um dos principais fatores que contribuem para sua banalização é a incapacidade que a grande maioria tem de distingui-la de "Entretenimento". Sem querer tocar na questão da qualidade (que é óbvia), ontologicamente (se é que possível dizer que esses lixos que tomaram a mídia feito um câncer têm "essência") uma música (Arte) é completamente diferente de qualquer soma de acordes e ritmos que fazem rebolar (Entretenimento). Um belo quadro nós contemplamos; um bom filme, também. O mesmo ocorre com bons livros e/ou textos; e com a dança. Com a Música, a verdadeira, deve indiscutivelmente ser igual. Em suma: não há música boa ou ruim (essa não é música) - apenas há a Arte e o Entretenimento. Eu fico com a Arte. Que fique claro que não condeno o entretenimento - eu mesmo, muitas vezes, me divirto com as "bagunças" institucionalizadas. Não creio que "Bach" seria pertinente numa balada, por exemplo - risos. Mas quando o Entretenimento é tratado com mais respeito (e remuneração) que a Arte - assim infestando o pouco espaço que a cultura tem para sobreviver - aí eu resmungo. Consideraria justo (mas quem disse que a vida é justa?) se ao menos fosse meio a meio (durante o dia, a mídia nos expusesse tanta "Arte" quanto "Entretenimento").

segunda-feira, 26 de março de 2012

Vamos... (Trecho do meu livro "Hanon").

É você, Intimidade, das minhas conquistas, a mais cuidada. Quem mais permite-me ser ora bicho, ora anjo? Juntos, dos pecados fazemos piadas; dividimo-nos entre instintos e sutilezas, alternamo-nos em água e fogo.
És capaz de fazer-me sofrer de tão alegre, de envergonhar-me em trivialidades. Tanto quanto de isentar-me de qualquer corar do rosto em situações asfixiantes de vergonhosas.
No amor não há protocolo – é você quem o dissolve transformando o prazer em matéria-prima. Não
há limites se acompanhados de quem amo trilharmos um caminho só nosso.
Dê-me as mãos, vamos...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Real Amor

Só a amo porque conheço; poderia ser o inverso verdadeiro: menos que ti desmerece minha atenção.
Mesmo em desacordos amiúde, não desejo a mais ínfima mudança – se desejasse-te perfeita ou mais a meu modo, serias uma ideia; o amor é concreto e presente, é inexoravelmente real.
Faz-nos reais poder ver-te divinamente humana tal como humanamente divina, faz-me capaz de despir-me de tolos protocolos para poder eu mesmo ser.
É a intimidade nosso bem mais valioso, íntimos somos cúmplices – e felizmente acabamos condenados a sermos felizes pelo simples fato de estarmos juntos. Por pior que seja o momento.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Outro Soneto do Desamor

Temeria tal desejo fosse tolo
Venderia a alma preço coubesse
Me interessa teu mal sem meu dolo?
A culpa por teu choro. Eis minha prece.

Trêmulos passos em vingança
Árduos pecados queimam a cruz
Só teu rosto em minha matança
Nossas trevas em plena luz.

Beijo-te a face de amor cerrado
Confie em mim só o que em ti posso
Aguardo teu mal a meu agrado

Hoje, dos teus olhos quero sal
Mas acabo de em mim pensar
Arraste tua vida. Não te quero mal.


Rodrigo Marucco.