quinta-feira, 19 de julho de 2012

Macaco Medroso

Jamais serás feliz. Não se preocupe, ninguém alcança o que não existe – apesar de estar sozinho no imbróglio sem sentido que é a vida, você está acompanhado de uma multidão de solitários. A quimera nomeada de “felicidade” dependeria de quase incontáveis fatores, eis aqui o resumo estoico deles: segurança e liberdade. Imagine uma estrada (que analogia pobre, não?), pronto. Agora, em um extremo imagine a cidade Segurança e no outro, a Liberdade – para se aproximar de uma você se afasta da outra. E confie em mim, eis a vida. Não estou, como dizem os mais velhos e, inevitavelmente, sofridos, que teimam (e eu respeito muito) em viver, tirando essa teoria do “nariz” – teses incontestáveis e riquíssimas sobre o tema já foram discutidas e enfiadas goelas abaixo por gente como o sociólogo polaco “Zigmunt Bauman”, gênio da filosofia aplicada. A liberdade custa a falta de segurança, de amparo. Além de obrigar-nos a decidir por nós. Parece raso, não? Pois não é... As pessoas aprisionam-se, seja em casamentos, em trabalhos ou qualquer cotidiano ortodoxo, para ter segurança; e isso é bom, desde que aceitem que a liberdade nunca foi uma boa e relaxante idiossincrasia. Do contrário, crises profundas e sofrimentos (espirituais e físicos) serão triviais. Analise a segurança versus a liberdade em qualquer âmbito da existência – além de ser um bom exercício, fará com que concorde quando promovo a incompatibilidade contemporânea entre elas. Seja na política, seja na vida pública, seja no amor, seja onde for – Quanto mais segurança, menos liberdade. E isso aniquilará essa pueril fantasia da felicidade plena. Nós, adultos, já estamos cansados de saber disso, mas é muito mais profundo do que parece. O medo (direta e inevitavelmente ligado à segurança e à liberdade) nos é uma herança antiga e poderosa inconscientemente. É preciso falar de darwinismo: já fomos presas, alimento... Animais pequenos, de mandíbulas pequenas, jogados noites e dias (acho o dia mais “sinistro”) a céu aberto, trovoadas, tempestades... Fica fácil perceber que a liberdade nos assusta – ela nos distancia da segurança. A nossa arma que sempre foi a “inteligência” criou prisões mimetizadas aos tempos e gerações, uma delas é o que chamamos de “relações” – seja entre amigos, parentes, enamorados... Ou você aceita sentir-se seguro e preso, ou aceita ser livre e em constante pânico. Feliz, meu filho, nem f...

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