segunda-feira, 28 de maio de 2012

Dois

As manhãs voltam a ter cor; os poemas, a fazer sentido. Não que eu seja um romântico; não acredito no amor inabalável independentemente das circunstâncias sociais/culturais. Embora eu seja de certo modo “machista” (na minha filosofia, a interpretação mais próxima a esse termo é “realista”), não é só por isso que acho que o homem tem que ser “darwinianamente” forte – e a evolução da força é um conjunto de vários outros adjetivos. Pergunte para uma mulher inteligente e, principalmente, que possa ser com você sincera e ela te reponderá que as qualidades que espera de um homem, por mais que acabem sendo as mesmas do “blábláblá” de sempre, estão numa ordem muito diferente. Não sou tolo de acreditar que elas não querem carinho, atenção, sensibilidade, inteligência... (felizmente, as mulheres são capazes de erotizar nossa inteligência) – ou seja: o afeto é uma das pernas do tripé da autoestima. Mas só uma. E é da autoestima (que preferiria chamar de segurança, mesmo porque autoestima nada tem de “auto” - já que é diretamente ligada à opinião que outrem dispensa para com a gente) que um homem que deseja ser amado precisa. Só para elucidar brevemente (já falei disso em outros textos), as outras pernas do “tripé” são saúde e dinheiro. Um homem saudável, bem sucedido e que receba doses suficientes de sexo e carinho é um homem seguro – com um enorme potencial para se tornar um “amado”. Mas meu texto até agora só tem uma frase, a primeira. O restante é uma breve digressão elucidativa para deixar claro que não se trata de um texto meramente apaixonado – faço o que posso para manter erguido o tripé – o que nem sempre funciona.. Mas, voltando ao texto... A segurança de saber-se “de alguém” desacorrenta da liberdade que prende. Bons momentos são os divididos. A saudade que será suprimida é prazerosa e excitante. Até as chateações moderadas e inevitáveis são de certo modo desejadas. É bom viver um amor real. “Bons dias” - “boas noites” - “saudades” e “te amos” são o contrário das inconveniências publicitárias que invadem nossos meios de comunicação. Já que como ser humano isso é impossível, é muito bom não sentir-se sozinho como homem.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Arte versus Entretenimento

A "Arte" nos permite como interação apenas contemplá-la - um dos principais fatores que contribuem para sua banalização é a incapacidade que a grande maioria tem de distingui-la de "Entretenimento". Sem querer tocar na questão da qualidade (que é óbvia), ontologicamente (se é que possível dizer que esses lixos que tomaram a mídia feito um câncer têm "essência") uma música (Arte) é completamente diferente de qualquer soma de acordes e ritmos que fazem rebolar (Entretenimento). Um belo quadro nós contemplamos; um bom filme, também. O mesmo ocorre com bons livros e/ou textos; e com a dança. Com a Música, a verdadeira, deve indiscutivelmente ser igual. Em suma: não há música boa ou ruim (essa não é música) - apenas há a Arte e o Entretenimento. Eu fico com a Arte. Que fique claro que não condeno o entretenimento - eu mesmo, muitas vezes, me divirto com as "bagunças" institucionalizadas. Não creio que "Bach" seria pertinente numa balada, por exemplo - risos. Mas quando o Entretenimento é tratado com mais respeito (e remuneração) que a Arte - assim infestando o pouco espaço que a cultura tem para sobreviver - aí eu resmungo. Consideraria justo (mas quem disse que a vida é justa?) se ao menos fosse meio a meio (durante o dia, a mídia nos expusesse tanta "Arte" quanto "Entretenimento").