quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pecado Capital

Vou contar um segredo (paradoxalmente explícito) em forma de medusa - a miríade de cabeças confunde, mas não encobre a causa única. Caro amigo, você sabe por que as crianças (meninas) se "arrumam" tanto? Sabe por que crianças e adolescentes jogam (videogame) e navegam tanto? E por que têm tantas atividades extracurriculares, você sabe? Poderia "engrossar" este caldo, ou melhor: "post," com várias interrogativas acerca do vil assassinato da infância, mas vou logo à essência. Preguiça! É, amigos, "desovar" as crianças em "creches temáticas" (desculpem-me os empresários dos ramos que mencionarei, mas uma criança de cinco anos precisa é brincar), como inglês, informática, esportes sem significado (o que a criança faz por "obrigação" sem se divertir nadinha), etc., é a melhor maneira de fugir da responsabilidade de educar e de se divertir ao lado de seu rebento coonestando a suja praticidade da terceirização da criação. A própria escola regulamentar virou uma creche temática, aprender (e ensinar) é o que menos importa. Vale ressaltar os poucos, bons e obstinados professores que fazem seu trabalho como devem. "Mamãe, posso me maquiar?" Claro que pode, desde que não perturbe a mãe com sua existência lúdica e divertida, pode tudo. Meu Deus, enlouqueceram todos? Para que uma menina deve ser mulher (e muitas vezes, vulgar) antes de sua natureza ditar? Um joelho ralado, em uma criança, a embeleza muito mais do que um batom. Há outro lado nessa "cabeça": os pais projetam-se nos filhos, ostentam a beleza (artificial) com afinco; ou seja: produzindo a filhinha, o que menos importa é ela mesma. A tal da carência... O game e a internet funcionam como prisão voluntária: tranquem-se no seus quartos e nos deixem em paz. Não é? Meu povo, criemos nossos filhos: eles adoram limites e atenção. Cinco minutos com você valem muito mais do que três horas de "XBox". Se seu filho (criança) não pensa assim, você já vem errando há algum tempo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Pois Chorando Eu Vejo...

Queixo-me às rosas, onde está a melancolia que tanto enobrece a função primeira de uma boa história contada em versos e melodias, as canções brasileiras, que é a de sensibilizar e entorpecer? Onde estão os pais compositores que ao perceberem o desencaminhamento moral/sexual de suas filhas avisam que à beira de um abismo cavado por seus próprios pés elas se encontram? E os detalhes pequenos que são coisas muito grandes para esquecer? E a tristeza que não tem fim, diferentemente da felicidade? Percebo, infelizmente, que com tamanha celeuma de bobagens “felizes”, nós, os pensantes, tomamos no “tchu”. Aviso que o “felizes” está entre aspas pelo fato de não existir real felicidade sem inteligência e conhecimento. Alienação, por mais que camuflada de um alegre carnaval, é triste. O culto global à alegria burra é um dos piores capítulos sendo escritos na história “evolutiva” da humanidade. Rimar “ai, ai” com “papai” ofende a todos, sem exceção, que conheceram, por exemplo, o poetinha “Vinicius de Moraes”. Já escrevi sobre “arte versus entretenimento”, mas o entretenimento está cada vez mais “feliz” e burro - conseguiram associar porcarias culturais com pornografia, com falta de compostura, com sexo tosco, com desamor. O "belo", hoje, em muitas searas, é ser “vagabunda”, “burra”, “bandida”. Pobres mulheres, essas não percebem o quão desinteressantes se tornam. Uma variação de masturbação. Que um dia meu filho conheça uma mulher de verdade: sensível, inteligente, educada, culta e bela. Eu quase que já desisti.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Limbo

No final das contas, como diz o escritor João Ubaldo Ribeiro, o que nos mantém vivos é a esperança. Sem ela, já morremos em alma, daí para servirmos de alimentos a vermes é um passo. É intrigante saber que para sobreviver precisamos, ao mesmo tempo, “esperar” e aceitar o que não pode ser mudado. Precisamos velar nossas impossibilidades e, logo depois, enterrá-las. Perder qualquer esperança burra (uma analogia radical, ácida, seca e elucidativa: um amputado coxofemoral não vai esperar que como cauda de lagartixa sua perna renasça) é ser sabiamente esperançoso. Com a aceitação de um problema que não tem solução, voltamos a ter a inteligente esperança de que aprenderemos viver com nossas perdas e continuar respirando. A perda de um grande amor, por exemplo, se não aceita pode nos perecer bem mais rápido do que devemos. No amor, creio que se não nos aceitarmos derrotados e não assumirmos que perdemos, ficamos presos no presente torturante. Para pessoas como eu arrogantes, a derrota em qualquer aspecto é humilhante, por isso a necessidade de aceitarmos a morte (do “nós”) e enterrarmos seu “corpo” . Por mais tolo e otimista que pareça o clichê “Há vitória na derrota”, ele é verossímil e simplesmente profundo. Só vale deixar claro, no final deste breve ensaio, que a esperança só é sagrada se operante. De braços cruzados nos protegemos, no máximo, do frio.