sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Limbo

No final das contas, como diz o escritor João Ubaldo Ribeiro, o que nos mantém vivos é a esperança. Sem ela, já morremos em alma, daí para servirmos de alimentos a vermes é um passo. É intrigante saber que para sobreviver precisamos, ao mesmo tempo, “esperar” e aceitar o que não pode ser mudado. Precisamos velar nossas impossibilidades e, logo depois, enterrá-las. Perder qualquer esperança burra (uma analogia radical, ácida, seca e elucidativa: um amputado coxofemoral não vai esperar que como cauda de lagartixa sua perna renasça) é ser sabiamente esperançoso. Com a aceitação de um problema que não tem solução, voltamos a ter a inteligente esperança de que aprenderemos viver com nossas perdas e continuar respirando. A perda de um grande amor, por exemplo, se não aceita pode nos perecer bem mais rápido do que devemos. No amor, creio que se não nos aceitarmos derrotados e não assumirmos que perdemos, ficamos presos no presente torturante. Para pessoas como eu arrogantes, a derrota em qualquer aspecto é humilhante, por isso a necessidade de aceitarmos a morte (do “nós”) e enterrarmos seu “corpo” . Por mais tolo e otimista que pareça o clichê “Há vitória na derrota”, ele é verossímil e simplesmente profundo. Só vale deixar claro, no final deste breve ensaio, que a esperança só é sagrada se operante. De braços cruzados nos protegemos, no máximo, do frio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário