sexta-feira, 6 de maio de 2011

A Bexiga e a Morte


Era bem cedo, o Sol ainda espreguiçava. Dentre as inúmeras vezes que minha pueril bexiga me obriga a ir ao banheiro, essa parecia especial, uma espécie de providência. Liguei o celular que desligo ao deitar para não ser incomodado em meu tão aguardado sono esquizofrênico, momento em que a loucura me é permitida, lugar onde só preciso sentir, onde as coisas só acontecem, independente de meus “valores morais” que foram tatuados em um ego que me é quase um desconhecido. Mas dessa vez o liguei. Depois de quatro segundos que pareceram séculos, eis que surge o aviso de que chegara-me uma mensagem. Tive medo de ter medo e estar certo, tive medo de me animar e estar errado. Àquela hora da manhã era utópico querer reprimir pensamentos trágicos, a morte anda de mãos dadas com as primeiras horas do dia, infelizmente sabia bem disso. Inúmeros protagonistas banharam-se em sangue nesse filme “trash” em que se transformou minha preocupada imaginação, minha garganta já estava em nós feito queijo de saquinho. Tentei exortar bons pensamentos a essa vil sensação de saber sem saber, mas de nada adiantou: acontecera algo muito ruim, pouco tempo depois de receber o aviso, já me era fato. Mas quem morreu? Como?
Com as mãos trêmulas era impossível acessar tal conteúdo, e quanto mais eu pensava, mais minhas mãos vibravam, era a defesa que meu cérebro cedia gentilmente à minha alma.
Mas era hora de eu ser útil, precisava saber o que acontecera para tomar providências fúnebres/práticas, sabia que deveria ser eu o responsável por esse morto sem nome, sem face e sem anunciada morte que já me tirava lágrimas dos olhos e anos de vida.
Como um gago que segura o ar para atirar uma frase inteira, eu enchi meus pulmões e apertei o botão que me revelaria o parceiro da morte naquela viagem matutina. É verdade que levei muito mais tempo para abrir os olhos, mas, feito, acabei com minha dúvida:
“- Aproveite para falar com quem você gosta por apenas R$ 0,25.”
Urinei e voltei a dormir.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Feminina Sabedoria


Somos os únicos animais dotados de razão: somos inteligentes, pensamos e temos uma maneira prática e eficiente de comunicação. Mas é só: somos pequenos, ouvimos mal, enxergamos pior, não voamos, não temos força no maxilar, somos lentos e nosso instinto é ínfimo. Há algum tempo éramos o almoço de animais irracionais. Sim, sou Darwinista antes de qualquer outro rótulo que queiram me pregar, e como tal falarei.

Acredito piamente que a causa de muitas angústias, depressões e inseguranças seja o medo. Antes de qualquer coisa, somos animais, e animais franzinos cuja única arma é pensar. A consciência dessa fraqueza nos atormenta, como sempre foi. Mas o fato é que pensar foi muito mais eficaz que força e /ou “superpoderes”, nossos antepassados (principalmente as mulheres) colocaram-nos no topo da cadeia alimentar com uma poderosíssima estratégia: a seleção. Machos fracos, medrosos e incapazes eram descartados, reproduzir era somente para os “campeões”.

Mas isso tudo foi só pra poder me dar base para o que realmente quero escrever, as mulheres insuportáveis conhecidas como “fanáticas feministas”. Não coincidentemente li um texto, hoje, de Luis Felipe Pondé que falava do mesmo assunto.

Acho lindo ver o mundo profissional recheado de mulheres, primeiramente pela estética dos ambientes (já disse que sou um animal) e depois pelo sucesso que obtiveram depois de anos de repressão, sofrimentos e lutas. As mulheres são muito mais capazes que nós homens em muitas (leia muitíssimas) funções e situações, fico feliz por terem, depois de digladiarem contra o mundo, conseguido reconhecimento e a partir dele o espaço que conseguiram. O que não me deixa feliz é o ódio que algumas “radicais” trazem em seus discursos. Mas como a maior parte delas é composta por mulheres feias e mal humoradas, não dou tanta importância assim. Algumas delas acham que um batom na boca é uma ofensa ao “movimento”, risadas. Essas querem que as mulheres virem homens, não vejo vantagem nisso. Como é sensual uma mulher bem cuidada dando ordens, expondo ideias, resolvendo grandes problemas... É gratificante você olhar pra uma mulher e saber que ela não depende de você – já aviso que não se trata de “muquiranisse” e sim de admiração. Mas meu amigo, não entenda isso como um “não quero depender de você”, elas vão sempre querer que você abra a porta do carro, troque a lâmpada e pague a conta. Seja pobre, deprimido e inseguro que acabarás seco ou sozinho. As mulheres sabem, como nenhuma outra espécie, selecionar. As mulheres realmente feministas (as que gostam de homens, são carentes assumidas de afeto e são emancipadas) sabem mais ainda.

Se você tem dinheiro, é bem resolvido e seguro de si vai se dar bem entre elas, a menos que não queira; mas entre dinheiro e segurança, que falte dinheiro – um homem seguro de si exala sensualidade. Como já disse em outro texto, as mulheres erotizam a inteligência, você não precisa ser rico nem bonito (claro que vai dar mais trabalho) pra ser desejado. Ainda temos o “Cronos” como vantagem: perecemos mais paulatinamente, o que nos dá um vasto “repertório de idades” pra “trabalharmos” nossos afetos. Mulheres, inteligentes ou não, têm a libido ativada ao deparar-se com ideias, a inteligência é para a mulher o que uma anca é para o homem. Sábias mulheres. Confesso que como homem me enquadro nessa afirmação, mas do mesmo jeito que a beleza atrai um homem, a vazies espanta. Nem os homens burros querem burras mulheres.

Gostaria de terminar esse texto ofendendo as chatas e neuróticas “radicais”, mas vou elogiar as independentes, bem arrumadas e carentes afetivas (as normais) mulheres que tanto me fascinam:


Meu amor, meu amor – nunca te ausentes de mim - para que eu viva em paz, para que eu não sofra mais - tanta mágoa há sim - num mundo sem você.”


Sem Você – Tom Jobim e Vinícius de Moraes.