segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Síndrome da Classe Média

A alta classe tem suas frustrações, suas infinitas nominações para suas depressões e a cruel dúvida que assola quem não sabe se é querido ou apenas bajulado por interesses diretos.
Bom, mas não é dessa classe que quero falar.
A classe média é o maior deserto em que alguém pode viver, vou tentar me explicar.
Nós, seres financeiramente medianos, carregamos a imensa cruz do “conhecer”. Dominamos a cultura gastronômica, conhecemos a “nata” da música, conhecemos bons vinhos (e os adoramos), boas cervejas, sabemos qual seria uma viagem inesquecível... E se não sabemos de algo, temos netbooks e modens 3G que rapidamente nos capacitam como “mestres do assunto” em qualquer banheiro. Bom, sabemos bastante, lemos ao som de música erudita, sabemos que um show da Diana Krall é maravilhoso, mas falta o simples detalhe do dinheiro pra usufruir.
Não digo que a classe média é a mais triste (se bem que é bem provável que seja), mas é, com certeza a mais frustrada.
Pessoas pobres que nunca voaram de avião ou nunca dirigiram um carro confortável são felizes com suas viagens de fim de ano (de ônibus lotado com um monte de tranqueiras) para Ubatuba. E esperam ansiosamente por elas. Mulheres lindas se casam com uns caras “estranhos” por que seu bairro é seu mundo, É o galã da globo na TV e seu marido na vida real. Veem alegria em empurrar seu carro “antigo” pelo simples fato de ter um carro. Acham caviar “feio e nojento”.
Eu sei bem o que sofro com essa “síndrome da classe média”, a música me proporcionou viagens confortáveis pelos céus de grande parte do Brasil, pousadas em hotéis luxuosos, conversas “cabeça” com gente importante, mãos dadas com mulheres lindíssimas e muita cultura em geral, mas nunca por minha própria conta (com exceção das mulheres lindíssimas). Hoje, no meu trabalho, convivo com pessoas de todos os tipos físicos e culturais, e de vários tipos de “poderes aquisitivos” (eufemismo para “grana”), mas é engano achar que os mais ricos são mais cultos, mas isso é pra outra postagem. Pessoas pobres são felizes com muito pouco, e não sei dizer se isso é qualidade ou resignação. Não sei mesmo.
Quero que fique claro que não estou depreciando ninguém, não sou melhor que as pessoas que trabalham comigo, sou mais culto, e só.
Ninguém imagina sobre os ambientes que vivi, pessoas que conheci, artistas com quem discuti... Não gosto de contar essas histórias “fantásticas” (é, vão soar como fantásticas). Sou um “camaleão cultural”, me adapto ao ambiente.
Bom, sem mais delongas gostaria de terminar esse texto com uma frase que ouço minha mãe repetir dia a dia: “Deus dá a farinha e o Diabo carrega o saco".

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