quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Minto, logo existo.

Diga sempre a verdade e acabará preso ou morto. É hipocrisia (e brega) vangloriar-se de falsas virtudes.
Se você se considera bom por dizer somente o que é verdade, eu te considero burro e arrogante.
Mas, na verdade, você não existe, portanto não falarei mais sozinho.
A verdade absoluta é moldada às nossas necessidades cotidianas, e só nossas mentiras nos são justificáveis, pensemos nisso.
Não vamos dizer às nossas mulheres que após horas de secador seus cabelos ficaram sem graça, vamos? Primeiro por que somos cavalheiros, depois, por que não somos loucos.
Não apoio a mentira, mas não sou sonso a ponto de dizer que não preciso dela, ou melhor: que o mundo sobreviveria sem ela. Poupar alguém, pelo menos estrategicamente, que está num péssimo momento não é imoral, é um ato solidário. Quando falo de estratégia, falo em ganhar tempo, pensar numa maneira sutil e pedagógica de contar uma verdade.
Enganar alguém é vil, mas mentir pode ser generoso.
E quanto as nossas taras? Diremos a um amigo que desejamos ardentemente sua mulher ou que deliramos por sua filha? Diremos às nossas mulheres que queríamos ela com aquela bela amiga juntas por uma noite? Você vai contar pro seu filho que Papai Noel não existe? Eu não, alguém conte para meu querido herdeiro, o Johan, quando for a hora.
Imaginem quantas guerras se travariam se todos os governantes fossem sinceros o tempo todo.
Não defendo um mundo de mentiras, só quero um mundo sincero, e pra ser sincero é preciso assumir que mentimos e que vamos mentir muito. Sem hipocrisia (escrevo muito essa palavra justamente por que a odeio). Bom, se você leu esse texto, tenha certeza de que quase tudo é verdade.

Um comentário:

  1. Tento ser uma pessoa razoável dentro de uma dita normalidade, porém eu não sei o que é normal. O mundo lá fora é tão complexo e temos que ser tantas pessoas ao longo da vida, que eu já não sei bem o que é o certo e o quanto esse certo pode ser errôneo. Seguimos diretrizes de ética e moral ensinadas pelos nossos pais, entretanto, devemos ser flexíveis até dentro desses ensinamentos. Muitas vezes aquela verdade absoluta que me foi dita aos cinco anos de idade, hoje não é tão verdade assim. Não sou a dona da verdade e nem creio que alguém seja. Sou uma Nietzscheniana de carteirinha.

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