segunda-feira, 15 de julho de 2013

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Acredito piamente que nada seja mais moral do que agir de acordo com a própria idiossincrasia; trata-se de uma filosofia pessoal, nada política. Pessoas inteligentes correm dos arautos da "verdade", da política, da fé e do consumo (somos escravos do que nos vendem, não o contrário) - mas essas pessoas andam cada vez mais em silêncio (sábia postura que ainda alcançarei, os porcos já rejeitam as pérolas há tempos; e quebrar vidraças, aparentemente, dá mais, infelizmente, resultado do que tentar intelectualizar analfabetos funcionais e/ou zumbis sociais). Num mundo tão avatarizado fica assaz difícil agir de acordo com nossa própria essência porque ninguém, muito menos nós próprios, sabe quem somos; e a preocupação com o autoconhecimento é cada vez menor em relação à falsa autoimagem que nos empenhamos em aventar. Frases como "não estou nem aí" só demonstram o quanto de preocupação há com a imagem que outrem faz de nós. A felicidade plena que ostentam com fotos triviais, soam-me como mentirosas; a felicidade solitária cabal (há dores e delícias em ser só, em ter como enamorada a solidão - mas até Nietzsche a trocaria por verdadeira companhia) é o retrato colorido da falta de opção. Insatisfação faz parte de qualquer existência sã (creio que até os extremamente loucos são insatisfeitos), comportamento pueril tentar mostrar-se superior ao mais genuíno dos sentimentos humanos. Sou darwinista, mas prefiro acreditar que o encaixe perfeito de nossos órgãos sexuais é muito mais do que uma das ferramentas para a reprodução. Estão aí os homossexuais, de sexo complicado e amor legítimo, para corroborar o nosso lado não-bicho. Em tempo: escrevo este ensaio em plena segunda-feira de manhã por estar acamado. Boa semana a todos.

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