segunda-feira, 1 de julho de 2013

X - ?

Sou canibal. Não, queridos leitores, não aprecio carne humana - considero apenas que, como eu, um animal com o neocórtex desenvolvido que come outro vive a antropofagia. Já há algum tempo que envergonho-me de comer e, apesar da culpa, adorar fatias de membros amputados de cadáveres que só o são para saciar minha fome (fome?). Um batalhão de hipócritas dirá que é a natureza e aquele blá-blá-blá de sempre; nunca vi um frigorifico em meio à alguma savana africana ou uma churrascaria rodízio no pantanal - e na primeira série do ensino-fundamental aprendemos que a capacidade de raciocinar nos diferencia das bestas que se caçam para não morrer de fome. Há os demagogos fundamentados, como eu, que dizem (e com sinceridade) que só consomem carne por ela já estar exposta nos açougues, ou seja: não há mais o que se fazer. E de fato essas pessoas (friso que sou uma delas) não matariam um bicho para defumá-lo e por fim defecá-lo - mas ainda assim acho uma postura estranhamente mitigadora: não comer animais, mesmo com toda a inocuidade que o fato de eu ser uma só boca explicita, seria mais honroso. Há, também, os demagogos em si (Churrascaria Kant?), como o cantor (sic) Luciano, que é vegetariano e dono de dois frigoríficos, bonito... Melhor que os feche e faça churrascos de segunda a segunda com aquela cambada que canta em tons altos músicas de baixíssima qualidade. Sobre os métodos de abatimento eu prefiro não escrever, só digo que é cruel, demasiado cruel. Aprecio o vegetarianismo e acho o veganismo assaz exagerado e politicamente-correto (um queijinho não faz mal a ninguém: melhor para a vaca ter as tetas apertadas por estranhos, ou sugadas por máquinas, a virar almôndega); que eu chegue a parar de consumir carne - não para a utópica "salvação" dos bichos, mas para o êxodo de minha culpa que só me faz comer.

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