quarta-feira, 27 de julho de 2011

Não somos todos iguais


Com um ânimo que antecedeu uma imensa frustração, li uma entrevista da psicóloga americana Kristin Neff que, aparentemente inteligente, questionava a necessidade da alta autoestima.
Achei que navegaria pelo niilismo, mas apenas naufraguei em conceitos de religiões orientais.
Nos primeiros parágrafos ela me entreteve, tratou a autoestima como eu costumo tratar a felicidade, como nuance, ou como descreveu o grande escritor, também americano, Michael Keep, “a felicidade é uma emoção em meu fluxo constante de estados de ânimo, que mudam conforme as circunstâncias. Não é um estado de espírito perpétuo”. Mas voltando à psicóloga, toda minha boa esperança de ler um bom texto foi por água abaixo depois que percebi que era mais uma desesperada pela estética que disfarçava suas angústias em conceitos éticos, ou seja: é mais fácil ser hipócrita do que assumir e gostar da angústia que inevitavelmente todo ser humano carrega.
Altruísmo que conforta, risadas. Essa história de ser feliz sendo “feio” me inquieta, sendo “bonito” já é difícil! Mais risadas. Ora bem, ora mal, assim caminhamos, ora bons, ora maus, assim somos. O difícil é se dar bem sendo bom o tempo todo. Sofremos desde o momento de nosso nascimento, saindo do aconchego quentinho do ventre de nossa mãe para um mundo que não nos poupará de dores e desafios. Seja fraco (bonzinho) e sofrerá em dobro: não se dará bem na escola, não se dará bem com as garotas, não se realizará profissionalmente e, caso consiga uma família, será um trapo carregado.
Apesar da aparente digressão que fiz, o texto continua falando de autoestima, essa defendida pela americana, que quer que sejamos “todos iguais”, não é comigo. Sou melhor e pior que muita gente.
Não quero que meu filho seja uma “má pessoa”, por exemplo, mas não o quero poupando forças pra vencer quem ou o que for preciso para seu bem estar. Alguns bonzinhos vão me condenar, coisa que confesso adorar, mas ontem, no parquinho, meu filho dividia seus brinquedos com um recém amigo, achei bonito, claro, aí chegou a hora de ir embora e eu disse “Johan, deixe o patinho para o seu amiguinho brincar” - e ele disse “não, papai, o patinho é meu, preciso levar”. Essa atitude me deu uma enorme segurança quanto ao seu futuro, na hora de brincar é brincadeira, na hora da verdade é coisa séria.
O jogo da vida não é amistoso.

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