quarta-feira, 2 de março de 2011

Ensaio (baseado em experiências de Mayr, Marucco e Azevedo)

São José dos Campos, alguns anos atrás. Uma pergunta rondava os múltiplos metros quadrados da casa mais “cheirando a arte” que já conheci. Fantasmas talentosos e frustrados dividiam os largos espaços entre os pianos com a gente. Quanto a tal pergunta, era algo como “O que fazer de minha vida?” Respostas fáceis brotariam como matinhos entre paralelepípedos das mentes de pessoas superficiais, mas não era o caso dos (vivos ou mortos) que lá habitavam. Mas também não sei dizer o que pensavam os que me cercavam ou mesmo o talentoso que vivia a se perguntar sobre a manutenção do “futuro”. Apenas sei que minhas respostas eram consequentes indagações: “Há o que se fazer da vida?” “Pra quê fazer algo da vida” ou pior: “Pra quê a vida?”
Sei que será difícil, mas tentarei não ser mórbido nem totalmente descrente nas minhas palavras a seguir.
Se tratarmos “vida” como definhamento cronológico, fica fácil dizer que o ser gerado, nascer, crescer, envelhecer e morrer não passa perda de tempo ou, amenizo, uma brincadeira de mal gosto.
Mas o fato é que de fato temos uma alma, e é quanto a sua vida que nos fazemos inúmeras perguntas em vão, e de forma doentia pode ser essa dúvida que nos mantém vivos. Ou não.
Se você não está entendendo muito do que estou falando, saiba que eu também não, mas sigamos em frente. Se criássemos um “Frankstein” teológico, algo que somasse as discordâncias entre religiões que manipuladas entrariam em acordo e nos dariam uma resposta “anestésica”, ficaríamos mais saciados, mas continuaríamos alienados.
Portanto, as pessoas que são capazes de buscar (em vão, claro) respostas para a existência, são as mais esfomeadas – e a fome, principalmente de respostas, enlouquece.
Mas imaginem que nosso corpo fosse capaz de suportar umas cinco vezes mais anos de vida que o que é normalmente suportado, todos surtariam. Não há como ser são por um longo espaço de tempo, e quanto mais velho se é, mais distantes as respostas ficam, mesmo as mais simples como “dois e dois são?” Tenho um dó dos vampiros dos clássicos. Bom, mas de nós, seres pensantes, poucos lembram e pouquíssimos têm piedade. Não que eu a queira, mas seria bom oferecer.
Mas, voltando ao assunto, o que faço de minha vida?

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