quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Deus Acaso

Sou um cético: não acredito em bênçãos, em proteção divina, em amuletos ou carrancas, em orações e não acredito em rituais religiosos. Acredito em Deus, e é só. Depois da criação estamos à mercê do acaso ou de decisões que tomamos. Ou um ou outro, se bem que acho que tomamos decisões por acaso. É sabido que há uma guerra química em nosso cérebro antes de decidirmos algo, mas só os acontecimentos posteriores dirão se a decisão tomada foi a “correta”. Mais um ponto pro acaso.
Quanto às tragédias, por exemplo, alguns dirão que em situações de risco é mais fácil ocorrer algo trágico, é verdade. Mas o risco não significa uma tragédia iminente, você pode viver cem anos pondo sua vida em risco diariamente (falo de riscos práticos: beber e dirigir, saltar de para quedas, etc. Acordar já é um risco, eu sei) e uma pessoa pacata pode se estrepar cedo, cedo. Imagine uma pessoa comendo alguns “Bis”, agora imagine que ela deixou cinco na caixa, saiu na rua e foi atropelada por um caminhão. E se ela tivesse comido mais um? Você está entendendo onde quero chegar? É o acaso que dirige nossas vidas. Não sabemos de nada, mas não se culpe, não há nada a saber sobre a vida. Nós somos a vida e o que será dela.
Gostaria muito de acreditar em destino, assim não sentiria tantas culpas, mas eu sei que toda minha vida depende de sorte pra acertar em minhas decisões. A sorte é muito mais decisiva do que qualquer decisão.
Como eu queria rezar e sair de casa sabendo que nada de ruim vai me acontecer e nem a alguém que amo.
Desculpem-me o tom trágico desse texto, perdi um ente querido num acidente banal, só posso dizer que, por acaso, o 2011 de minha família começou muito mal.
Não vou culpar Deus, ele nos criou e nos deixou aqui pra nos virarmos. Não vou culpar o motorista que bebeu demais, muitos bebem demais e dirigem. Não vou culpar meu primo que entrou nesse carro, sempre fiz isso e sei que você também.
Vou apenas continuar chorando e tentar proteger meus entes queridos ao máximo, quem sabe assim não passo a perna no acaso?

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